Evo vai cobrar mais pelo gás natural de Brasil e Argentina
2006-05-08
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou ontem (07/05) que pretende
aumentar em 2 dólares o preço do gás natural vendido ao Brasil e à
Argentina, reajuste de cerca de 60% do valor atual. A medida tem o
objetivo de contornar os problemas econômicos do país andino, cujo
déficit fiscal beira os 350 milhões de dólares. Morales lamentou que
seus antecessores jamais tenham tido interesse em revisar os preços.
"Agora vamos fazer", disse.
Segundo o presidente boliviano, o contrato assinado com o governo
brasileiro em 1999 garante a possibilidade de análise dos preços a cada
cinco anos. Ele lamentou que o índice não tenha sido revisto em 2005,
mas comemorou o fato de o presidente Lula e seu colega argentino, Néstor
Kirchner, aceitarem a revisão, durante o encontro presidencial realizado
na semana passada.
Hoje, o Brasil compra 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia,
pagando em média 3,4 dólares por milhão de BTU (unidade térmica).
Conforme o governo boliviano, cada dólar de aumento representa 300
milhões de dólares a mais para o país. Morales afirmou que os
presidentes anteriores sempre foram "mendigar ao exterior" para resolver
os problemas da Bolívia, mas com o controle dos recursos naturais será
possível saná-los internamente. "Agora eles (Brasil e Argentina)
dependem de nós, mas, para não perder a amizade, vamos discutir os novos
preços num prazo de 180 dias." A Petrobras vai negociar a partir do
previsto no contrato e, se necessário, recorrerá à arbitragem
internacional.
(CP, 08/05/06)