Há dez anos, hipopótamos eram considerados animais a salvo da extinção. Existiam cerca de 160 mil na África e eles podiam ser facilmente
avistados. Hoje, não é bem assim. Graças a guerras, desmatamentos e à
caça, eles estão em risco. E o termômetro é a Lista Vermelha de
Espécies Ameaçadas divulgada na semana passada pela União Internacional
para a Conservação da Natureza (IUCN).
Trata-se do estudo mais completo sobre a situação da flora e fauna do
planeta e é feito há mais de quatro décadas por um conjunto de
pesquisadores espalhados pelos sete continentes e coordenados pela
Species Survival Commission. Ao divulgar os dados deste ano, que não
eram atualizados desde 2004, o alerta foi simples: a biodiversidade
continua a sumir a uma velocidade assustadora. Ao todo, foram
analisadas 40.117 espécies de plantas e animais e se concluiu que
16.119 estão em risco de extinção. Na verdade, 784 já sumiram e 1.541
estão criticamente ameaçadas de seguir o mesmo caminho.
O país que contêm o maior número de espécies a caminho da extinção é o
Equador: 2,180. Sendo que 1,832 são plantas. Para se ter uma idéia do
peso deste número, o segundo país que mais tem a sua flora ameaçada é a
Malásia (688). No ranking geral, incluindo animais e plantas, o Brasil
configura na sétima posição com 721 espécies correndo o risco de
desaparecer. Bom, 11 já estão consideradas extintas. Ao todo, foram
analisadas 3,946 espécies brasileiras para a elaboração da lista. E o
país só é recordista no desaparecimento de aves, 124 espécies correm
perigo em nosso território.
As tabelas com os resultados finais do levantamento estão disponíveis
no site oficial da IUCN (www.iucn.org), que vale uma visita. Além dos dados completos,
eles disponibilizaram fotos das espécies ameaçadas e exemplos
ilustrados de animais que melhoraram ou pioraram de situação. Por
exemplo, os simpáticos ursos polares que em 1996 foram classificados
como correndo pouco risco e hoje já são considerados vulneráveis.
Experiência parecida passou as araucárias existentes no sul do Brasil,
que pularam de espécie vulnerável para criticamente ameaçada. Mas há
boas notícias. Na lista de 2006, 139 espécies mudaram de classificação,
para melhor. Bem, 172 mudaram para pior. Já o número de espécies
consideradas extintas foi equivalente ao número que saiu desta mesma
lista negra.
Mas para quem quiser saber um pouco mais sobre esses animais e não
apenas ficar nas estatíticas, a dica é entrar na seção Perfis em
Vermelho, criada pela IUCN. Eles selecionaram alguns animais e plantas,
ameaçados por diferentes razões – poluição, caça, desmatamento,
espécies invasoras – e contaram tudo sobre eles. É válido lembrar que
99% dos animais e plantas que constam da lista estão lá por culpa do
homem.
(Carolina Elia, O Eco, 04/05/06)
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