Bacia de Pelotas e jazidas de carvão podem ser alternativa ao fornecimento de gás natural
2006-05-08
O processo de nacionalização do gás natural boliviano não significa apenas
prejuízos para o Rio Grande do Sul, mas também oportunidades. Crescem as chances
de locais até hoje pouco explorados pela Petrobras, como a Bacia de Pelotas,
terem sucesso na 8ª Rodada de Licitações para Exploração e Produção de Petróleo
e Gás Natural – que, segundo expectativa da Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP), deve ocorrer em novembro. Considerado, até
então, com pouca chance de vir a ser explorado, pesquisadores do estado indicam
que há grande possibilidade de o campo localizado no subsolo gaúcho ter gás
natural – tornando-se uma alternativa futura ao abastecimento nacional do
insumo hoje importado da Bolívia.
O professor do Instituto de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (Pucrs), João Marcelo Medida Ketzer, acredita que aumenta
a probabilidade de os blocos da Bacia de Pelotas serem adquiridos na próxima
rodada de licitações já que a Petrobras deverá querer reduzir a dependência
externa quanto ao gás natural após a crise com a Bolívia. A opinião é compartilhada
pelo professor de Estratigrafia do Instituto de Geociência da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Michael Holz.
A Bacia de Pelotas tem 210 mil quilômetros quadrados e se estende do Sul de
Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai, abrangendo toda a costa do Rio
Grande do Sul. "A Bacia de Pelotas sempre foi considerada uma ovelha negra por
não ter sido descoberta ainda a existência de óleo ou gás na área. Mas se deve
ressaltar que houve poucas perfurações neste local", destaca Holz.
As jazidas de carvão também podem acumular gás natural entre suas camadas. A
ocorrência do insumo se daria entre 300 metros e 400 metros de profundidade. Neste
caso, o potencial do Rio Grande do Sul é enorme, pois o Estado detém 89% das
reservas de carvão do país. No entanto, novamente a profundidade atrapalha os
planos. Ketzer destaca que a extração do gás das jazidas de carvão teria um efeito
benéfico ao meio ambiente. "Isso porque a extração se daria através da injeção
de gás carbônico, substância nociva à camada de ozônio", explica ele.
Já Holz relata que o CBM (coal bed methan), gás que ocorre entre as camadas das
jazidas de carvão, forma-se quando variáveis geológicas alcançam determinados
valores durante a formação do carvão. Ele acrescenta que, aparentemente, isso
pode ter ocorrido com o carvão encontrado em Osório – região que é objeto de
pesquisa da universidade com a iniciativa privada.
(JC,
08/05/06)