Agricultor diz que produção de sementes ecológicas gera renda mensal de R$ 500
2006-05-08
O agricultor Délcio Jacó Salzém desconfiou quando começou a plantar sementes de hortaliças agroecológicas, por sugestão de técnicos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para ele, o cultivo sem o uso de agrotóxicos era algo impossível. "Fiquei com um pé na frente e outro atrás, porque não acreditava que fosse dar certo", conta.
Quase dez anos depois, ele comemora. "Sou um privilegiado por ter sido um dos escolhidos. A produção de sementes ecológicas, além possibilitar uma alimentação saudável para a nossa família, significa uma enorme economia", diz. "A gente não gasta com a compra do adubo, da uréia e do veneno. Fazemos o nosso próprio adubo sem agredir o solo ou contaminar o meio ambiente". A comercialização das sementes também traz uma renda de R$ 500 mensais à família, acrescenta o agricultor.
Salzém faz parte das 12 famílias de agricultores selecionadas para dar início ao projeto Bionatur Sementes Agroecológicas, nascido em 1997, nos assentamentos de Candiota e Hulha Negra, no Rio Grande do Sul, sob a coordenação da Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados (Cooperal) do MST.
Desde 2005, o Bionatur passou a ser coordenado pela Cooperativa Agroecológica Terra e Vida (Conaterra). A rede se expandiu para 20 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e sudeste de Minas Gerais e hoje conta com 250 famílias que produzem 63 diferentes tipos de sementes.
A última safra atingiu 22 toneladas de sementes produzidas, o que é considerado uma "vitória" pelo coordenador da Conaterra, Marino de Bortoli. "Estamos com uma proposta de diversificação. Queremos produzir não apenas as sementes hortaliças, mas chegar à produção de leite, grãos e pequenos animais", explica.
A expansão das atividades será um dos temas tratados durante o Terceiro Encontro Nacional da Rede Bionatur de Sementes Agroecológicas. O evento ocorre de terça-feira (9) a quinta-feira, em Candiota (RS).
(Radiobras, 06/05/06)