ONU reconhece ações de preservação no Acre
2006-05-08
O Acre assumiu uma posição de liderança na América Latina em relação às políticas de preservação das florestas e de recursos naturais, principalmente, depois do advento do chamado governo da floresta, cujas ações políticas, na área ambiental, coincidem com tudo aquilo que defende o movimento ambientalista internacional.
Essa é a síntese da opinião de uma das mais importantes organizações internacionais voltadas para a defesa do meio ambiente, a União Mundial para Natureza (UICN), reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como instituição capaz de orientar o debate sobre a preservação, a respeito das ações e programas do governo do Estado para área ambiental. A instituição deverá se instalar no Brasil e seu endereço brasileiro deve vir a ser o Acre.
Foi isso o que anunciaram ontem, em Rio Branco, diretores da instituição durante uma visita ao governador Jorge Viana, cujo governo é reconhecido pela organização como um dos mais avançados em toda a América em relação à defesa do meio ambiente.
"Aqui, a gente percebe que as políticas que são orientadas por nossa organização como parte da nossa ação são políticas públicas de governo", reconheceu Consuelo Espinosa, oficial de programa de conservação de bosques e economia ambiental da organização.
"O programa de manejo sustentável das florestas, com base na certificação na exploração madeireira e de uso múltiplo dos recursos naturais com base na preservação, faz do Acre um lugar específico no Brasil para defender aquilo que é fundamental à nossa organização", disse Espinosa.
A União Mundial para a Natureza (UICN) foi criada 1948 como uma organização internacional que congrega instituições governamentais e não-governamentais em volta da problemática da integridade e diversidade da natureza. A instituição tem um secretariado com mais de 930 profissionais baseados em mais de 40 países e já liderou um grande número de iniciativas ambientais à escala mundial nos últimos 45 anos.
Em parceria com a Unep e a WWF produziu o documento original sobre a Estratégia Mundial da Conservação (World Conservation Strategy, 1980) como também preparou o texto da Carta Mundial para a natureza adaptado pela Assembléia Geral da Nações Unidas em 1982.
A instituição também iniciou o processo que culminou com a formulação da Convenção sobre as Terras Húmidas-Ramsar, a Convenção Internacional para o Comércio de Espécies em Perigo de Extinção (Cites) e a Convenção sobre a Diversidade Biológica, além de assistir a mais de 50 países para a preparação de estratégias nacionais de conservação.
A UICN é responsável pela publicação do livro vermelho sobre espécies em perigo de extinção e planos de ação para a sua conservação.
Organização atua em 130 países
A UICN conta com mais de 850 membros espalhados por mais de 130 países. Os membros constituem o elemento catalizador para o desenvolvimento do programa de atividades da União.
É nas conferências de membros ao nível dos comitês nacionais e regionais que se definem as políticas e prioridades que servem de suporte à formulação e implementação do programa de atividades. Seis Comissões com 9000.
A instituição também trabalha com voluntários, os quais são, em sua maioria, alguns dos mais destacados cientistas e especialistas do mundo contribuem no trabalho voltado para as áreas de manejo de ecossistemas, educação e comunicação, econômica e social, política ambiental, econômica e social, legislação ambiental, áreas protegidas e sobrevivências de espécies. Na audiência com o governador Jorge Viana, os membros da instituição em visita ao Brasil foram apresentados pelo ambientalista Marcelo Arguélis, ex-assessor da Secretaria de Florestas para a área de manejo, que acaba de ser convidado para representar a instituição no Brasil.
A idéia é que a instituição, que vem desenvolvendo projetos para a área ambiental em três continentes, tenha seus olhos voltados para o Brasil.
"Essa é uma organização bem peculiar, porque ela não é uma ONG. É uma organização composta por estados, por países e por outras instituições que a faz um organismo internacional com reconhecimento inclusive por parte da ONU", disse Arguélis.
"É uma organização que atua hoje em 146 países, com 48 escritórios em diferentes países, com atuação mais forte na Ásia e na África. Aqui, na América do Sul, o escritório central é no Equador e, agora, a partir do Acre, a perspectiva é de um escritório nacional para ações e projetos", acrescentou.
A perspectiva da instituição, segundo Arguélis, é fazer com que o escritório brasileiro apóie projetos e programa de apoio à certificação de produtos ambientais e de comunidades, atuando inclusive na área empresarial. "Nós viemos aqui apresentar ao governador o que pretendemos fazer, ver como a gente pode colaborar de forma mais efetiva com as políticas em andamento e também analisar a possibilidade de o estado do Acre vir a se tornar também um membro da União Mundial para o meio Ambiente", disse.
O governador Jorge Viana disse que é gratificante saber que as políticas de preservação do governo do Acre tenha ultrapassado as fronteiras do Estado e do próprio país.
"O reconhecimento é bom mas faz com que aumentemos também a nossa responsabilidade de fazer com que estas propostas continuem sendo aplicadas e deixem de ser políticas do Estado para serem incorporadas pela sociedade", afirmou.
(A Tribuna-Acre, 06/05/06)