Inaugurada unidade de enriquecimento de urânio no Rio de Janeiro
2006-05-08
Com discurso de que o país vai atingir a auto-suficência na produção
do combustível nuclear, a exemplo do que foi alcançado pela Petrobras
com o petróleo, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende,
inaugurou ba sexta-feira (05/05) a primeira unidade de enriquecimento
de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil, em Resende, no Rio.
Opresidente Lula, apesar de arcar com um pequeno ônus político junto a
grupos ambientais, afirmou o ministro, deve anunciar este ano a
retomada da construção de Angra 3:
- Depois do que aconteceu com a Bolívia, estou convencido de que o
governo como um todo está percebendo a importância de o país ter uma
matriz energética diversificada.
Para Rezende, o investimento de R$ 550 milhões até 2010 para a
conclusão da fábrica, quando a instituição passaria a enriquecer 60%
do urânio necessário para abastecer as usinas de Angra, se justifica
por questões estratégicas:
- O investimento se paga em 10 anos. Mas o significado para a soberania
do país é grande. Se a questão nuclear se agrava e há um pacto entre
os países de deixarem de enriquecer urânio para os outros, ficamos
dependentes.
O enriquecimento do urânio é a fase mais cara da produção do
combustível nuclear. A fábrica utiliza tecnologia nacional da Marinha.
As ultracentrífugas brasileiras são quase quatro vezes mais econômicas
do que as tradicionais, usadas nos EUA e na Europa. As máquinas
estiveram cercadas de polêmica.
A Agência Internacional de Energia Atômica exigia visualização total
dos equipamentos, a fim de garantir que não seriam usados para produzir
armas. O urânio para geração de energia é enriquecido a 4%. Já para a
bomba, o minério precisa ser a 90%. O governo permitiu maior
visualização, sem comprometer o segredo industrial. Os equipamentos
são suficientes para enriquecer 2% do urânio para abastecer Angra 1 e
2.
(ZH, 06/05/06)