Um cavalo abandonado possibilitou aos 900 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Júlio Brunelli aprender o real sentido da palavra solidariedade. O animal foi deixado há uma semana amarrado ao portão do colégio localizado no bairro Rubem Berta, na Capital.

Faminto, debilitado fisicamente, com ferimentos nas patas e secreção nos olhos, quase não conseguia parar em pé. "Telefonei para uma infinidade de órgãos públicos e não encontrei apoio para atenuar o sofrimento do cavalo", recordou ontem a professora Leisa Pinheiro, da 2ª série. A comunidade escolar, então, decidiu adotar o animal, que passou a viver no pátio interno da escola. "O visitante inesperado alterou nossa rotina. Suspendemos as aulas de Educação Física e o recreio", assinalou. Os alunos providenciam pasto e água para o animal. Leisa disse que a presença modificou o comportamento das crianças. "Estão mais solidárias com os colegas e principalmente preocupadas com a recuperação do cavalo", comentou.

O animal, que certamente puxava carroças, está recebendo tratamento de "celebridade". Aluna da 2ª série, Zamariane Cardoso, de 7 anos, decidiu batizá-lo de João. "Como o cavalo é bonito, escolhi um nome que gosto." João, contudo, deixará a convivência com a garotada neste final de semana. Não voltará a "trabalhar" e tampouco será agredido com relho quando se negar a apressar o passo. Terá uma vida de "rei" no sítio da professora Vera Teleschkim, da 3ª série, que ficou sensibilizada com a situação do cavalo e decidiu adotá-lo.
(CP, 05/05/06)