Financiamento da ONU faz a diferença em pequenas comunidades de países em desenvolvimento
2006-05-05
Condimentos orgânicos e plantas medicinas produzidas por uma cooperativa de mulheres da região de Choco, na Colômbia, geram um faturamento anual de
pouco mais de US$ 10 mil. Pode parecer pouco, mas as 385 participantes viram sua renda mensal subir 25% desde que o projeto, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), chegou à região, há dez anos.
A iniciativa tem como cenário uma área muito rica em biodiversidade, mas com taxa de pobreza de 82%. Os habitantes dessa parte da floresta colombiana têm expectativa de vida de apenas 55 anos. Somente 29% das residências dos municípios de Tanado e Samurindo têm todos os serviços públicos básicos.
Com apoio do GEF e de organizações não-governamentais colombianas, o uso de avanços tecnológicos e logísticos permitiu que a produção das mulheres de Choco crescesse. Os estudos também identificaram a viabilidade mercadológica de verduras, temperos e ervas medicinais.
“Todos os contratos de financiamento são fechados diretamente com a
comunidade, que precisa se organizar também para receber o dinheiro”,
explica o guatemalteco Oscar Murga, um dos coordenadores do programa Small
Grants, do GEF, à Agência FAPESP. Criada em 1992, a linha de financiamento
já apoiou mais de 6,2 mil projetos, cada um com média de US$ 20 mil. “Há
iniciativas dos mais variados tipos, espalhadas por 95 países”, diz Murga.
Para o líder indígena Datu Vic, do povo mindanao, das Filipinas, ações mais focalizadas são uma forma segura de promover ao mesmo tempo desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Mas, segundo ele, elas funcionam apenas se houver uma alta participação das comunidades locais.
“No nosso caso, por exemplo, o fortalecimento da cultura dos nossos
ancestrais e a construção de abordagens holísticas da realidade estão sendo muito importantes”, diz Datu Vic. A comunidade mindanao tem travado grandes discussões no cenário nacional, com influência até na esfera internacional, no sentido de criar normas para proteger os indígenas da biopirataria. Sérios conflitos ocorreram nas áreas montanhosas ocupadas por essa comunidade filipina.
Exemplos de que ações locais são fundamentais para criar efeitos nacionais e globais também existem no Brasil. Entre os mais antigos, e premiados,
apoiados pelo GEF, está a Cooperativa dos Produtores de Ostras de Cananéia, no litoral sul de São Paulo.
Quando a comunidade mandira começou a investir em ostras, toda a produção
parava nas mãos dos atravessadores, que determinavam o preço e a quantidade da produção. Depois de o projeto ser instalado, em 1992, e de uma reestruturação na administração da cooperativa, o preço de venda da dúzia de ostras passou de R$ 0,50 para R$ 1,70.
Os projetos financiados pelo GEF e as normas para saber qual tipo de iniciativa pode ser elegível para futuros contratos estão em: www.undp.org
(Agência FAPESP, 03/05/06)