A Cooperativa Ecológica Coolméia, de Porto Alegre, não resistiu a dois
assaltos consecutivos que sofreu em abril. Abalada também com problemas
administrativos da atual gestão, decidiu fechar por seis meses a sede, que
abriga o restaurante e a loja, recentemente transferida para a Osvaldo
Aranha, 894.
Nesse período, uma comissão formada por cinco associados vai fazer um
levantamento da situação financeira e analisar alternativas. “Vamos realizar
um estudo geral da cooperativa. Uma espécie de auditoria”, revela Vanete
Lopes, integrante da comissão e cooperativada há 17 anos.
As feiras ecológicas promovidas pela Coolméia no Menino Deus, José Bonifácio
e Shopping Total continuam normalmente. “Tudo que o consumidor encontrava na
loja estará à disposição nas feiras”, garante o assessor de imprensa da
cooperativa, Francisco Pereira.
Fundada em 1978 e considerada referência mundial em produção e distribuição de
alimentos orgânicos, a Coolméia tentava se reerguer de uma duradoura crise
econômica. Saiu da tradicional sede na José Bonifácio, defronte ao parque da
Redenção, e foi para o novo local, na Osvaldo Aranha, em frente ao Araújo
Vianna. O aluguel mais barato e o ambiente amplo sustentavam a esperança de
oferecer outros serviços, como um bufê de café da manhã, e preços mais em
conta, conforme afirmou o presidente da cooperativa, João Carlos Mendonça,
ao
jornal JÁ, em março deste ano.
Na ocasião, o presidente informou ainda que o balanço de 2005 teve saldo
positivo. No entanto, nem o balanço de 2005, nem o relatório da gestão foram
apresentados na assembléia geral, realizada no último dia 22 de abril. Mendonça não
compareceu ao encontro e, segundo integrantes da comissão, “desapareceu”.
Assim, os 50 cooperativados presentes na assembléia decidiram formar uma
comissão para analisar as condições financeiras da Coolméia.
Só não esperavam outro assalto na madrugada do dia da reunião, 22 de abril.
Os ladrões entraram serrando a grade e quebrando o vidro. Levaram uma
balança no valor de R$ 4 mil e gêneros alimentícios, como da outra vez.
Os cooperativados insinuam que os dois assaltos são cheio de “estranhezas”.
No primeiro, os ladrões deixaram uma máquina de xerox e um peixe no meio da
loja. A Coolméia não trabalha com frutos do mar. No segundo, o cofre foi
arrombado e o escritório, revirado. “Vamos fazer uma vistoria para saber
quais documentos sumiram, mas vai ser difícil porque quem sabia o que estava
lá era o presidente. Parece que eles procuravam alguma coisa”, suspeita
Danilo Paiva, outro integrante da comissão.
Por Helen Lopes