O Governo do Estado deve assinar até o final do mês um protocolo de intenções para a instalação de um centro tecnológico de mineração em Cachoeira do Sul. As duas usinas-laboratório funcionarão junto à termelétrica do município, que será construída no distrito do Capané.

Segundo a CTSul, autora do projeto da usina a carvão de Cachoeira do Sul, as usinas-laboratório de 2,4 megawatts (MW) terão como fonte de energia cavacos de madeira e carvão. “Nossa meta é baixar custos. Para isso, precisamos aproveitar ao máximo todos os produtos e subprodutos gerados pelo empreendimento”, ressalta o presidente da CTSul, Douglas Carstens.

“Se conseguirmos diminuir nossos custos de 30% a 40%, poderemos competir em igualdade de condições com as usinas hídricas. Nós acreditamos que isso é possível”, acrescenta Carstens. “Nossa usina será uma das mais modernas do mundo. Queremos ser um exemplo”, completa o presidente da CTSul. A negociação envolve a Secretaria Estadual de Minas e Energia, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a CTSul. Os recursos ao centro tecnológico de mineração serão buscados no Banco Mundial e em bancos de fomento e universidades alemãs.

O presidente da Cooperativa de Eletrificação do Vale do Jacuí (Celetro), Benemídio Almeida, se limitou a dizer que as usinas-laboratório estão previstas no projeto da termelétrica. A Celetro é sócia da CTSul no projeto da usina a carvão de Cachoeira do Sul.

Leilão
Carstens garante a presença do projeto CTSul no próximo leilão de energia nova, marcado para 12 de junho. No próximo sábado ele assina o contrato de financiamento de 856 milhões de dólares na Suíça, com investidores chineses e europeus. Douglas planeja a entrada em operação da primeira unidade da usina para janeiro de 2009 e a segunda em julho do mesmo ano, antecipando em 11 meses o prazo de conclusão. O empresário já planeja uma segunda usina a carvão, dizendo que o carvão necessário para uma nova planta já está garantido pela CTSul.

Plebiscito
Apareceu o primeiro outdoor do plebiscito da termo e está na BR 153, nas proximidades do trevo de acesso a Cachoeira do Sul. A propaganda é simples e diz apenas: “No plebiscito da termelétrica, dia 21 de maio, vote 1, vote sim”.

O agricultor Armando Bica Pedroso, ex-PP e agora filiado ao PFL do prefeito Marlon Santos, procurou a imprensa local ontem para abrir seu voto no plebiscito da termelétrica. Ele votará sim, contrariando a grande maioria dos agricultores do Capané e futuros vizinhos da usina a carvão. “A agricultura não existe mais e a pecuária está falida. Nós produtores temos de nos unir pela termo para deixar uma herança e uma oportunidade de trabalho aos nossos filhos”, justificou Bica Pedroso.

“Os agricultores do Capané dizem que a usina poluirá o meio ambiente, mas esquecem que usam adubos e venenos em suas propriedades. Será que esses insumos não são poluentes?”, questiona Bica Pedroso.
(Jornal do Povo, 03/05/06)