IUCN amplia lista de espécies sob risco de extinção
2006-05-04
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)
incluiu 530 novos animais e plantas em sua "lista vermelha", o principal guia sobre espécies em extinção no mundo. Com isso, sobe para 16.119 o número de espécies ameaçadas, entre os quais os ursos-polares e os hipopótamos, que sofrem com a pressão do aquecimento global e da caça indiscriminada, respectivamente. A relação inclui 721 animais e plantas existentes no Brasil.
O número significa um acréscimo de 24 espécies em relação ao último levantamento, divulgado em 2004. Apenas no Brasil, os cientistas ligados ao IUCN avaliaram mais 186 espécies nos últimos dois anos. Entre os animais que passaram a fazer parte da lista dos que estão em perigo, está o Tatu-Mulita ( Dasypus hybridus ), encontrado no sul.
Segundo a organização, o número total de espécies oficialmente declaradas extintas no mundo é de 784. Outras 65 podem ser encontradas somente em cativeiro ou em cultivo. Em seu relatório anterior, 15.589 espécies estavam ameaçadas de extinção, após a avaliação de 40.177 espécies (entre as 1,9 milhão que foram identificadas no mundo).
- A lista vermelha mostra uma clara tendência: a perda de biodiversidade aumenta - disse o diretor-geral da organização, Achim Steiner.
O levantamento a IUCN é considerado o mais confiável retrato das espécies ameaças de desaparecer e do progresso - ou falta dele - nos esforços para atingir a meta internacional de reduzir até 2010 o ritmo em que o planeta vem perdendo variedade de vida. Compilados pela primeira vez em 1963, os dados são freqüentemente usados por governos e organizações ambientalistas para traçar estratégias conservacionistas.
Degradação também limita a vida aquática
De acordo com a nova lista, podem simplesmente deixar de existir um em cada quatro mamíferos, um terço dos anfíbios, um oitavo da população dos pássaros e um quarto das árvores coníferas, se o processo de degradação do planeta, atribuído principalmente à ação humana, não for revertido. A nova relação também inclui diversas espécies aquáticas, como tubarões e peixes de água fresca na Europa e na África. No Brasil, 16 espécies de peixes foram adicionadas, elevando para 58 o número de peixes na lista vermelha.
Embora desertos e zonas áridas do planeta pareçam estar relativamente intactos, seus animais e plantas especialmente adaptados também estão entre as espécies mais raras e ameaçadas, afirma o relatório da IUCN. O principol risco à vida silvestre dos desertos é a caça ilegal, seguido da degradação do habitat.
Entre os animais em risco de extinção, está a gazela dama ( Gazella dama) do Saara, cuja população diminuiu 80% nos últimos 10 anos por causa da caça não-controlada.
O alerta
A nova lista relaciona 16.119 animais e plantas do mundo inteiro, com um aumento de 530 espécies em relação a 2004. O número corresponde a cerca de 40% das mais de 40 mil espécies analisadas pelos especialistas ao longo dos últimos dois anos. Os principais fatores que explicam o desaparecimento de plantas e animais são a perda de habitat - problema que afeta 86% dos mamíferos, 86% dos pássaros e 88% dos anfíbios ameaçados.
Entre os animais, a IUCN aponta que o urso polar ( Ursus maritimus) "será uma das vítimas mais notórias do aquecimento global. A previsão do organismo é que a população de ursos polares sofrerá um redução de 30% nos próximos 45 anos.
A IUCN estima que 20% das espécies de tubarões e arraias estão em extinção em todos os oceanos, devido principalmente à pesca comercial ou acidental. Estima-se que existam cerca de 15 milhões de espécies no planeta.
(ZH, 03/05/06)