Nacionalização do gás natural boliviano não muda planos de ampliação da Refap
2006-05-04
A decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas de petróleo e de gás
natural do país não causa grandes transtornos e nem atrapalha os planos de
ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). A afirmação é do
diretor-presidente da empresa, Hildo Henz, que concedeu entrevista coletiva
ontem (03/05), na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre.
A razão da aparente tranqüilidade está no fato de que a refinaria não é
dependente do gás da Bolívia, de quem importa 100 mil m³ diariamente. "Não
somos dependentes desse tipo energético. Por isso, a preocupação não é tão
grande", destaca Henz. A utilização do gás natural se dá para a fabricação de
alguns solventes durante o processo produtivo, como agente de purificação.
Embora não haja substitutos para o gás natural nesse tipo de uso, o executivo
afirma que a solução será importar de outros países ou mesmo de outros estados
brasileiros. Os solventes representam menos de 1% do total de derivados e são
produzidos em todas as unidades.
Henz também salientou que a refinaria não utiliza o gás natural como combustível
e que a prioridade é o gás de refino. Em junho, a Refap colocará em
funcionamento um sistema gerador por meio do aproveitamento de gases da refinaria, com capacidade para gerar 27 Megawatts (MW). Atualmente, 21 MW são produzidos,
dos quais 16 MW consumidos pela Refap.
A atitude do governo de Evo Morales também não afeta os planos de ampliação
da refinaria, que pretende continuar com as obras. "Não podemos ficar presos ao
momento que estamos vivendo", afirma Henz. Dos 100 mil m³ diários, a previsão
é que o volume de gás utilizado aumente para 400 mil m³. A capacidade da Refap será
aumentada em 50%, e os investimentos alcançam 1,1 bilhão de dólares. A produção
de petróleo passará de 120 mil barris por dia para 190 mil. Desde o
final do ano passado, algumas das novas unidades estão operando, e a previsão é
de que ainda este ano as obras estejam finalizadas.
A ampliação adequará a Refap para o processamento de petróleo nacional que, por
ser mais pesado, exige unidades mais complexas para a sua transformação em produtos
leves como gasolina e diesel. Assim, inverterá a proporção: em vez de 80%
importado e 20% nacional, será 80% nacional e 20% importado. Os tratamentos de
água e de efluentes também passarão por um processo de modernização.
Por Patrícia Benvenuti