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2006-05-04
A presença de grandes fabricantes de celulose no sul e extremo sul da Bahia trouxe duas conseqüências imediatas: a explosão do preço da terra e a monocultura do eucalipto. Desde 2004, quando Aracruz, Suzano e Veracel aumentaram as compras de pequenas e grandes propriedades para plantar eucalipto, o preço médio de um hectare subiu 266,6%, passando de R$ 1.200 para R$ 4.400.

Juntas, as empresas detêm cerca de 500 mil ha da matéria-prima para a fabricação da celulose plantados em 30 cidades (cada ha possui 10 mil m2). Duas operam na Bahia -Suzano e Veracel. A Aracruz, embora com unidade no Espírito Santo, também tem uma grande área plantada no Estado.

As empresas também encontraram uma solução para ampliar as suas presenças na Bahia e reduzir custos -o fomento, um financiamento concedido aos produtores interessados em plantar eucalipto. Veracel, Aracruz e Suzano transferem para os agricultores a responsabilidade do plantio.

"O fomento, na realidade, é uma estratégia adotada pelas empresas para evitar as invasões, reduzir a pressão social e diminuir os seus custos, pois não precisam contratar empregados. Mas também prende o homem à terra e divide a riqueza", disse Fábio Zanon Dall´Orto, gerente regional da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial.

Desde abril de 2004, data da primeira ação na Veracel, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) já invadiu propriedades da Aracruz e da Suzano. Nesta empresa, a última invasão terminou na quinta-feira, com a saída de 3.500 sem-terra.

Com o fomento, as três empresas repassam aos produtores cerca de R$ 1.750 por hectare plantado e fornecem gratuitamente assistência técnica, mudas, formicidas e insumos. Na assinatura do contrato, o valor do adiantamento é transformado em dívida que deve ser paga em metro cúbico de madeira depois de seis anos (período entre o plantio e o corte).

Na semana passada, as três empresas pagavam, em média, R$ 52,84 por metro cúbico. "Quem faz as contas percebe que o negócio é altamente lucrativo porque um hectare de eucalipto na região produz no mínimo 240 metros cúbicos. Ou seja, além de receber adiantado, o dono da terra lucra mais adiante", disse Dall´Orto.

No contrato, as empresas estabelecem que 97% da produção deve ser necessariamente vendida à indústria que fez o adiantamento, "pelo preço de mercado".

"Não somos ingênuos e sabemos que o nosso futuro está nas mãos dessas empresas, mas, atualmente, o negócio é mesmo muito lucrativo", disse Pedro Augusto Graça de Carvalho, presidente da Aciatef (Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Teixeira de Freitas). "Nós também sabemos que, com o fomento, as empresas aumentam a sua influência na região sem comprar terras e "amarram" os produtores que aderirem ao sistema."

O diretor florestal da Veracel, Antonio Sergio Alipio, tranqüiliza os proprietários. "O plano estratégico da empresa prevê a compra de 20% de eucalipto dos fomentados. Nós não compramos as terras e não plantamos as florestas, mas precisamos da madeira."

No ano passado, a Veracel inaugurou a sua fábrica de celulose em Eunápolis (BA), num investimento de US$ 1,250 bilhão. A Suzano também está investindo US$ 1,3 bilhão na ampliação e modernização da fábrica de Mucuri (BA). Mas Alípio admite risco no fomento. "Nós celebramos um contrato. É claro que há riscos. Por exemplo, se houver uma perda de toda a produção ou mesmo de parte dela e constatarmos que o produtor não seguiu as nossas recomendações, o ônus, sem discussão, é do proprietário."

Dos cerca de 500 mil ha plantados de eucalipto nas duas regiões da Bahia, cerca de 100 mil ha são de fomento, segundo a Sudic.

Maranhão - O município de Coelho Neto (MA) hoje é um exemplo de "deserto verde". Lá não há eucaliptos, mas uma grande floresta de bambu (cerca de 60 mil hectares) e plantações de cana-de-açúcar. Ao menos 80% das terras do município são ocupadas pelas duas culturas, exploradas pelo mesmo grupo empresarial. Por conta disso, 82% da população de 47 mil habitantes mora na área urbana.

"Até o tomate que se compra em Coelho Neto vem de outros locais porque não há terra", disse o prefeito Magno Bacelar (PV). A família de Bacelar fundou nas décadas de 60 e 70 a usina de álcool e a fábrica de papel e celulose. Mais tarde, as empresas passaram para um grupo de Pernambuco.

A situação da cidade ficou crítica no início deste ano, quando a unidade de papel foi desativada: 1.300 funcionários foram demitidos. O município está em situação de emergência. A fábrica impulsionava a economia local, apesar de recolher poucos impostos, pois gozava de isenções fiscais. "Cerca de 70% da economia do município gira em torno da empresa", disse Bacelar. "Afetou do quem vende picolé até o vendedor de passagens de ônibus." Segundo o prefeito, o município não tem como criar alternativas sem a ajuda dos governos estadual e federal. (Agência Folha, 03/05/06)

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