Fórum de defesa do Velho Chico discute realização de debate
2006-05-04
Em setembro do ano passado, quando o bispo de Barra, dom Luís Cappio entrou em greve de fome em protesto contra o projeto de transposição do Rio São Francisco, um canal de diálogo parecia está sendo aberto pelo governo federal para discutir a questão. O protesto do religioso, que durou 11 dias, foi suspenso depois que o presidente Lula se comprometeu a abrir um amplo debate envolvendo a sociedade para avaliar o projeto.
A discussão prevista para ser realizada este ano ainda está sem definição e pode não acontecer. Ontem, membros do Fórum de Defesa do Rio São Francisco se reuniram, na Casa de Retiro São Francisco, em Brotas, para traçar os rumos do movimento e decidir a participação do fórum no debate. As discussões serão finalizadas hoje.
Formado por mais de 60 entidades, o fórum reuniu no encontro representantes de diversos estados e contou com a presença do porta voz do bispo dom Luís Cappio, Adriano Martins. Para os membros do fórum, o presidente Lula não sinaliza que está disposto a estudar o projeto. "Estamos avaliando se a participação no debate será viável ou não. Mesmo sinalizando estar disposto a criar o debate, o presidente Lula não recua para retirar o projeto de pauta e continua fazendo debates paralelos nos centros universitários", afirma a representante da Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais, Ana Cacilda Reis.
Durante a reunião ficou definido que a prioridade de discussão será a criação de um projeto de desenvolvimento para o semi-árido e de revitalização do rio. Para a coordenadora das promotorias de Justiça do São Francisco do Ministério Público Estadual, Luciana Khoury, o debate sobre o projeto deve acontecer em pelo menos duas etapas.
"O primeiro debate deve ser técnico. Deve ser feito um mapeamento de dados e levantamento das verdadeiras condições da população, mostrando onde existe água ou não. Somente depois de fazer esse levantamento é que deveremos discutir o projeto", afirma.
(Correio da Bahia, 03/05/06)