Projeto de Corredor Ecológico em Minas Gerais inclui novo município
2006-05-04
O Corredor Ecológico da Mantiqueira, em Minas Gerais, que está sendo projetado desde 2004, engloba na primeira fase 42 municípios do sul do estado, onde estão localizadas importantes Unidades de Conservação, como o Parque Nacional de Itatiaia, Parque Estadual da Serra do Papagaio e a Floresta Nacional do Passa Quatro.
“O objetivo é estabelecer um mosaico de usos e ocupação da terra, integrando unidades de conservação com áreas de vegetação natural, cultivo e pastagem, centro urbanos e atividades industriais”, divulga a Valor Natural, organização civil sem fins lucrativos que desenvolve os estudos de biodiversidade do Plano de Manejo do Parque Estadual do Ibitipoca. A proposta surgiu como conseqüência dos trabalhos realizados na projeção do parque.
Recentemente, o município de Lima Duarte foi incluído no projeto de implantação do Corredor Ecológico, que conta com apoio do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos – CEPF –. As formações vegetais do município são equivalentes às da cidade de Rio Preto, que já havia sido inserido no Corredor, e devem ser protegidas, na avaliação de Cláudia Costa, diretora da Valor Natural.
“Os levantamentos reforçaram a importância biológica da região, com a presença de espécies endêmicas e espécies de topo de cadeia, como a onça parda”, diz ela, afirmando que uma máquina fotográfica instalada pela Valor Natural capturou imagens do animal. Cinco “armadilhas” fotográficas foram instaladas em pontos estratégicos, para identificar a fauna do local. As máquinas, dotadas de um dispositivo de acionamento automático por movimento, capturaram as imagens de um lobo-guará, além da onça parda, apenas um dia depois de instaladas.
A inclusão do município coincide com o momento de abertura para a participação da sociedade no planejamento do Corredor da Mantiqueira. Duas reuniões já foram realizadas para ouvir a opinião e sugestões dos moradores da região, nos dias 18 e 20 passados. A próxima deve ocorrer no próximo dia 12, na Pousada Ribeirão do Ouro, na BR-354, km 750 em Itamonte, atendendo ainda os moradores dos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Liberdade, Passa Vinte e Pouso Alto.
Os resultados dessas reuniões serão avaliados para a elaboração do Plano de Ação do Corredor, contendo as diretrizes e estratégias e definindo as ações prioritárias. “Um Corredor Ecológico não é uma unidade de conservação, mas uma unidade de planejamento, estabelecida com o objetivo de aumentar a conectividade entre as áreas de vegetação natural”, diz Cláudia. “Queremos melhorar e diversificar as formas de uso do solo, e planejar a ocupação do espaço, garantindo a manutenção da biodiversidade, das belezas cênicas e da qualidade de vida das pessoas”, completa.
Cláudia justifica o modelo adotado, com ampla participação da sociedade, afirmando que a criação de um Corredor Ecológico somente será viável se as pessoas que vivem na região se envolverem e se comprometerem com sua implantação. Ela defende ainda que o Corredor Ecológico da Mantiqueira influa na forma de usar o solo, “apoiando a adoção de técnicas agrícolas e pecuárias que reduzam o impacto ambiental dessas atividades e aumentem a produtividade” .
Pretende ainda apoiar o desenho de planos diretores dos municípios, planejando de forma adequada a ocupação do espaço e apoiar o estabelecimento de políticas públicas que favoreçam a conservação da água, do solo e das diversas formas de vida do Corredor. “Sem a participação dos atores que vivem no Corredor no planejamento de ações a serem desenvolvidas, o Plano de Ação será apenas mais um documento dos milhares que são gerados e engavetados em todo o Brasil”, conclui. “A construção participativa do plano de ação irá permitir que todos os atores se enxerguem no planejamento, apropriando-se do conceito do corredor e assumindo o compromisso de inserir a sustentabilidade econômica, social e ambiental no desenvolvimento de suas atividades”.
(AmbienteBrasil, 03/05/06)