RECICLAGEM GANHA STATUS DE NEGÓCIO E FAZ BEM PARA O BOLSO
2001-10-01
Um grupo cada vez maior de pessoas está descobrindo como tirar riqueza do lixo. É o que revela uma leitura mais atenta da pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo o estudo, mais de 50% das indústrias pesquisadas investiram em tratamento e no controle de resíduos sólidos nos últimos dois anos. E quase 40% anunciaram investimentos com essa finalidade até 2003. Diversas indústrias criaram diretorias com a missão específica de gerar um mínimo de resíduos e reutilizá-los ao máximo, e muitas novas empresas foram criadas com o fim específico de reciclar. Para se ter uma idéia do tamanho desse mercado, o Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de lixo urbano por dia. De todo esse volume, estima-se que 60% seja o tipo orgânico e o restante, quase 50 mil toneladas, de plástico, papel, alumínio, aço, borracha. De alguma maneira, e em maior ou menor escala, todas os materiais poderiam, e deveriam, ser reaproveitados. Não são. No universo das empresas, já é possível dizer que a reciclagem é uma realidade, e rentável. A Kaiser, por exemplo, recicla ou reutiliza alumínio, aço, vidro, papelão e cereais. O bagaço de cevada, por exemplo, vira alimentação para gado - em 200, foram reutilizadas 182 mil toneladas, ou 100% do que foi gerado nas fábricas da cervejaria. Além disso, a Kaiser reciclou quase 11 mil toneladas de caco de vidro e mais de 1.200 toneladas de sucata de alumínio, papel e papelão e plástico. até os rótulos são reaproveitados na forma de borra - são quase 1.500 toneladas que viram embalagem de ovos, confete ou serpentina todos os anos. A maleabilidade dos materiais para múltiplos aproveitamentos faz com que a reciclagem ganhe novas aplicações. A Metrovias, do Consórcio Univias, acaba de pavimentar um trecho da BR 116, NO Rio Grande do Sul, com o chamado Asfalto Ecológico, feito a partir do reaproveitamento de pneus usados. E as embalagens PET são usadas pela Bettanin na confecção de vassouras. O próprio lixo pode gerar energia e em quase todo o mundo, o lixo é aproveitado dessa forma. Mas, no Brasil, devido à inexistência de um mercado de energia até bem pouco tempo, o modelo não se desenvolveu. Um projeto do deputado Emerson Kapaz, e com a previsão de votação ainda neste ano, responsabiliza as indústrias pelo destino final dos resíduos. Ou seja: o produto usado pela empresa fará dela responsável por recolher o seu lixo. (Amanhã/48/setembro)