Crise do gás: Chávez faz aliança estratégica com Morales
2006-05-04
Os presidentes de Bolívia, Evo Morales, e Venezuela, Hugo Chávez, fecharam na noite desta quarta-feira (03/05) um acordo estratégico de cooperação energética, que apoiará a nacionalização do petróleo e do gás bolivianos. Em um discurso improvisado nos portões do palácio presidencial de La Paz, Chávez disse que em 18 de maio participará com Morales do lançamento de uma unidade separadora de etano, propano e metano, que utilizará o gás boliviano.
A unidade será instalada na cidade de Villamontes, no sul da Bolívia, e permitirá separar componentes como o gás liqüefeito de uso doméstico, que hoje é exportado para o Brasil com o gás natural, sem qualquer ganho para os bolivianos. "A Bolívia está exportando o gás totalmente cru, sem retirar o gás liqüefeito (...) e esta unidade poderá estar pronta em seis meses", disse Chávez.
O Brasil é o principal mercado para o gás boliviano, com cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários de venda, seguido por Argentina, com sete milhões. O líder venezuelano afirmou que a nova unidade permitirá produzir plásticos, polietileno e fertilizantes, entre outros derivados. "O segredo para o desenvolvimento é dar valor agregado à matéria prima, e Evo está fazendo isto para a história", disse Chávez sobre a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia.
O presidente da Venezuela afirmou que na mesma ocasião "iremos a Tarija para estabelecer um primeiro nível da aliança estratégica" entre as petroleiras estatais YPFB da Bolívia e PDVSA venezuelana. "A Bolívia tem mais gás e mais petróleo (..) e as empresas privadas tradicionais não investiram em prospecção, mas sim na exploração e em exportá-lo. É uma verdade". A PDVSA "está disposta a investir aqui, com base na nossa experiência, em nossos modestos recursos para certificar a maior quantidade de recursos que a Bolívia tem em gás e petróleo". Consultado sobre o alcance da cooperação bilateral, Chávez disse: "Até onde a Bolívia decidir, vamos ver como podemos chegar".
A decisão de Morales de nacionalizar a exploração de petróleo e gás levou à ocupação das instalações de diversas companhias estrangeiras, incluindo as da Petrobras, que tem 1,5 bilhão de dólares investidos na Bolívia. Chávez e Morales viajarão na manhã de quinta-feira para a cidade argentina de Puerto Iguazú, onde se encontrarão com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (Argentina).
(AFP, 03/05/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/05/04/ult34u153732.jhtm