1,3 milhão pedem água no Estado
2006-05-04
Lavouras do Estado foram poupadas neste ano, mas a falta de chuva está atingindo
em cheio as torneiras de pelo menos 1,3 milhão de gaúchos. O cálculo é da
Defesa Civil do Estado, que aponta a Metade Sul como a mais atingida.
Dos 68 municípios que decretaram situação de emergência, o racionamento de água
já é realidade em oito deles: Bagé, Bom Jesus, Candiota, Canguçu (onde o
racionamento foi suspenso apenas temporariamente), Itacurubi, Trindade do Sul,
Vila Nova do Sul e Esperança do Sul.
Diferentemente da seca do ano passado, que atingiu 433 municípios, os problemas
agora se concentram na Campanha, na Fronteira Oeste e na região de Pelotas. Mas
outras cidades maiores, como Santa Maria, Caxias do Sul e Passo Fundo, também
vêem seus reservatórios baixarem a cada dia ou dificultado o abastecimento de
zonas altas ou rurais.
Para sorte dos agricultores, a estiagem ocorreu após a época do plantio e do
crescimento das lavouras, o que permitiu que se registrasse a segunda maior
produção da História - com 19,1 milhões de toneladas de grãos. Em 2005, as
plantações foram dizimadas.
- Como as chuvas foram irregulares, os problemas também se distribuem de forma
pontual. Às vezes chove numa cidade e não no município vizinho - analisa o
chefe da Defesa Civil do Estado, tenente-coronel João Luiz Soares.
Efeitos de La Niña devem durar até a metade do ano
Além da irregularidade da chuva, há dificuldades que se evidenciam quando a
água começa a escassear. É difícil controlar o desperdício e contornar
vazamentos causados por redes envelhecidas. Nos municípios atendidos pela
Corsan, por exemplo, 30% das 2,08 milhões das economias não contam com
hidrômetros.
- Nossa meta é estender o controle a 100% dos domicílios, pois isso evita
excessos - diz o diretor de operações da Corsan, Jorge Accorsi.
O resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região equatorial, fenômeno
conhecido como La Niña, iniciado em novembro, é o principal responsável pela
atual estiagem. A anomalia climática deve se estender até a metade do ano, mas
com efeitos cada vez menores.
- Este resfriamento modifica a circulação (de ar) na atmosfera e provoca
efeitos diferentes em cada região - explica o chefe do Centro de Pesquisas e
Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas, Gilberto Diniz,
observando que a Campanha sofre mais por ser vítima de três anos consecutivos
de estiagem, o que impossibilitou a recomposição das barragens.
(ZH,
04/05/06)