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2006-05-03
O Irã anunciou na terça-feira (02/05) ter conseguido enriquecer urânio a um nível superior, ou seja, 4,8 por cento. Segundo declarações de Gholam Reza Aghazadeh, chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), citado pela agência de notícias ISNA, "um nível de enriquecimento superior a 5 por cento não é um objetivo no Irã e esse nível é suficiente para produzir combustível nuclear".

Numa conferência de imprensa em Qom, a sul de Teerão, o vice-chefe do OIEA anunciou também "a descoberta da novas minas de urânio no centro do Irã". Uma delas situa-se na região de Koshoomi no centro do Irã. Já foram feitos estudos e amostras foram recolhidas no local. As outras duas são em Charchooleh e Narigan no centro do Irão. O anúncio do aumento do nível do urânio - as autoridades tinham apontado inicialmente para 3,6 por cento - foi feito numa altura em que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha discutem os próximos passos diplomáticos na matéria.

No dia 11 de Abril, as autoridades iranianas tinham anunciado o enriquecimento de urânio a um nível de 3,6 por cento, apesar de o Conselho de Segurança ter exigido ao Irão que suspendesse o processo. Para Nicholas Burns, "número três" do Departamento de Estado norte-americano, a comunidade internacional deve "estar unida e enviar uma mensagem muito firme" depois de mais este anúncio.

"O Irã está em vias de forçar a comunidade internacional a reagir da maneira mais dura", afirmou Burns à imprensa, antes de uma reunião em Paris entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para discutir a crise desencadeada pelo programa nuclear iraniano. "O Conselho de Segurança não tem outra escolha que a de decidir de acordo com o capítulo VII" da Carta da ONU, que prevê, em caso de ameaças à paz, desde sanções até uma ação militar.

Mostrando que o Governo iraniano não está interessado em aceitar as exigências internacionais, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Manuchehr Motakki, numa entrevista ao diário iraniano Kayhan publicada na terça, afirmou: "Não vamos suspender as atividades nucleares". O Irã deixou passar o ultimato da ONU de 28 de Abril sem suspender o programa de enriquecimento de urânio. "É completamente erroneo pensar que o Ocidente pode fazer o que lhe passa pela cabeça utilizando os instrumentos do Conselho de Segurança", declarou Motakki.

China e Rússia, com interesses econômicos no Irã, têm-se manifestado contra a aplicação de quaisquer sanções internacionais ao regime islâmico, tal como pretendem os outros três membros permanentes do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França e Grã-Bretanha.
(Online Expresso, 02/05/06)
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24760388

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