Rebocadores naufragam para auxiliar preservação da vida marinha no litoral pernambucano
2006-05-03
Com uma frota de 63 rebocadores em operação nos portos situados
do litoral do Rio Grande do Sul ao do Maranhão, o grupo Wilson Sons vai provocar
nesta quarta-feira (03/05) os naufrágios autorizados dos barcos Saveiros,
Mercúrio e Taurus que realizavam manobras de atracamento e desatracamento de
navios cargueiros no antigo porto do Recife e que já foram utilizados também no
porto de Cabedelo, na Paraíba.
É a segunda vez que o afundamento de barcos na costa pernambucana está submetido
a licenças da Capitania dos Portos, CPRH (que é o departamento estadual de
controle ambiental), Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.
Pesquisadores e técnicos da Universidade Federal Rural de Pernambuco
acompanharão o processo.
Os três antigos rebocadores - Saveiros construído em 1969, Mercúrio em 1971 e
Taurus em 1976 - serão puxados em fila indiana pelo rebocador Zeus do armazém
15 até uma distância de 12 km da costa. Atualmente um rebocador novo custa US$
4 milhões.
Um deles não terá revelada publicamente a posição do naufrágio para que
permaneça isolado das incursões de mergulhadores e sirva de referência aos
estudos comparativos sobre a capacidade de acolher colônias de peixes e de
corais em relação aos outros cujos pontos de localização serão divulgados e
certamente serão visitados por desportistas.
O gerente regional do grupo empresarial Wilson Sons, Helio Vitor Vaisman,
explicou que os rebocadores partirão às 5h da manhã e cerca de 1 hora depois
chegarão ao local dos naufrágios. Eles serão afundados um a um, num ritual que
começa com o lançamento da âncora e em seguida um marinheiro inicia a abertura
das válvulas de fundo em cada barco. O barco começa a ser tomado pela água e
entre 20 minutos e 1 hora afunda até repousar na areia a 28 metros de
profundidade.
Os naufrágios estão incluídos no programa de preservação ambiental desenvolvido
pela Wilson Sons e é objeto de uma parceria em que a organização doa os
naufrágios para pesquisas à Associação das Empresas de Mergulho de Pernambuco e
a Universidade Rural de Pernambuco.
Vaisman explica que as embarcações são afundadas apenas com o aço. "Não há
qualquer resíduo, inclusive de óleo ou lubrificante e os motores foram
retirados", ressaltando que há grande preocupação com a preservação do meio
ambiente e que foram tomada as medidas para eliminar todo tipo de resíduo que
pudesse agredir a fauna ou a flora marítima.
Os coordenadores do projeto Parque dos Naufrágios Artificiais de Pernambuco,
Fabio Hazin e Elisabeth Araújo, das universidades Federal e Federal Rural de
Pernambuco, explicam que a inserção de um substrato duro, a partir de naufrágio,
pode contribuir para enriquecer a fauna e a flora marinha, alem de incentivar
o turismo de mergulho na região.
Ecossistema
Eles opinam que o evento constitui uma oportunidade para acompanhar o processo
de colonização biológica e para a coleta de dados sobre a dinâmica do
ecossistema na região. O projeto vai inventariar as espécies de peixes, obter
informações sobre a alimentação e reprodução dos peixes associados à nova
colônia, avaliar impactos causados pelo ecoturismo e determinar a variação
espacial e temporal da biomassa fitoplanctônica.
O grupo Wilson, Sons é um dos mais conhecidos conglomerados brasileiros do
segmento portuário. Fundado há 169 anos, o grupo é um dos principais operadores
logísticos atuantes no País.
Em 2005 as suas atividades em operações portuárias representaram um movimento
de 1,17 milhão de TEUs, número que o posiciona como o maior movimentador de
contêineres do Brasil, colocando-se também em um grupo de operadores no mundo
que romperam a barreira de 1 milhão de TEUs. No mesmo ano foi realizado o
transporte rodoviário de 54,3 mil contêineres. Ainda conforme os dados de 2005,
na área de rebocagem os serviços de atracação e desatracação foram prestados a
16,5 mil navios e o agenciamento marítimo a 5,7 mil embarcações.
O Grupo divide-se em cinco áreas de negócios: Wilson, Sons Logística; Wilson,
Sons Rebocadores (Saveiros Camuyrano, Sobrare Servemar); Wilson, Sons Terminais
(Tecon Rio Grande e Tecon Salvador); Wilson, Sons Estaleiros e Wilson, Sons
Agência Marítima.
(GM, 03/05/06)