OMS recomenda medidas rígidas para evitar epidemia de gripe aviária
2006-05-03
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressaltou que é possível evitar uma epidemia de gripe aviária, ou pelo menos frear seu avanço, se forem tomadas medidas rígidas de resposta e contenção. A administração de antivirais, sistemas eficazes de quarentena, restrições de viagem e medidas de distanciamento social como o fechamento de escolas são algumas das precauções apontadas nesta terça-feira (02/05) pelo diretor regional da OMS, Shigeru Omi, durante um seminário na capital indonésia.
"Se estas intervenções tiverem êxito, poderíamos prevenir dezenas de milhões de graves infecções humanas e milhões de mortes. Mas se falharmos, as conseqüências para as sociedades, as economias e a saúde pública global podem ser enormes", disse Omi. O vírus H5N1 da gripe aviária é endêmico em certos tipos de aves silvestres aquáticas, mas na última década contaminou muitas espécies novas, entre elas o ser humano.
Embora o vírus seja altamente contagioso entre aves, especialmente entre as domésticas, por terem o sistema imunológico mais fraco, sua transmissão ao ser humano ocorre apenas através do contato com animais doentes ou seus sedimentos. No entanto, a OMS teme que o vírus sofra uma mutação e se adapte ao ser humano, permitindo a transmissão entre pessoas, o que poderia provocar uma pandemia de gripe de graves conseqüências, como as de 1918, 1956-58 e 1968.
Para poder impedir a expansão do vírus, Omi lembrou que seria necessário agir nas primeiras semanas de sua eventual mutação. "Muitos analistas dizem que para que a contenção tenha êxito será necessário agir em um tempo muito limitado: entre duas e três semanas", afirmou o diretor regional da OMS. A gripe aviária foi detectada em seres humanos pela primeira vez em Hong Kong em 1997. A morte de seis pessoas por causa desta doença levou ao sacrifício de todas as aves domésticas da cidade, quase um milhão.
No entanto, o vírus reapareceu no Sudeste Asiático no final de 2003 e desde então contaminou 205 pessoas, das quais 113 morreram. Estes números representam uma mortalidade superior a 50%, ou seja, pelo menos uma em cada duas pessoas infectadas morreu. Nove países - Azerbaidjão, Camboja, China, Egito, Indonésia, Iraque, Tailândia, Turquia e Vietnã - detectaram casos humanos, mas poderiam aparecer novos casos em outros lugares em breve, já que o vírus chegou a criações de aves de grande parte do Sudeste Asiático e a vários países europeus e africanos.
Chairul Anwar Nidom, importante epidemiólogo indonésio, explicou que, apesar de o vírus não ter sofrido uma mutação e ter se tornado facilmente transmissível entre pessoas, o H5N1 se tornou mais resistente ao meio. "Quando o vírus foi analisado em Hong Kong em 1997, ele resistia dois dias a 37 graus. Nas análises que estamos realizando agora, comprovamos que pode viver pelo menos cinco ou seis dias. Sua resistência aumentou consideravelmente", ressaltou.
Muitos países pesquisam vacinas contra a gripe aviária, mas as mais avançadas ainda estão em fase experimental e não se sabe se serão eficazes se o vírus sofrer uma mutação. Também não se sabe qual será a eficácia dos antivirais, que não previnem o contágio da doença, apenas diminuem seus sintomas se forem administrados na fase preliminar da doença. A OMS anunciou hoje que Cingapura será o centro armazenador e distribuidor de antivirais para o Sudeste Asiático, enquanto que no âmbito internacional este papel corresponde aos Estados Unidos e à Suíça. Até o momento, se dispõe de cerca de 3 milhões de doses de antivirais no mundo todo.
(EFE, 02/05/06)
http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundo/2358501-2359000/2358731/2358731_1.xml