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2006-05-02
Uma bem-sucedida parceria entre um setor privado com alto potencial poluidor e uma empresa de soluções ambientais formada por um dos maiores ícones ambientalistas do país completa 18 anos neste mês.

“A Aracruz Celulose, por ser uma empresa de base florestal, sabe que a própria sobrevivência do empreendimento depende do uso adequado do meio ambiente e de tudo que se relaciona a ele”, explica Mariella Taniguchi, assessora de imprensa da empresa.

A empresa Vida Produtos e Serviços foi idealizada pelo falecido José Lutzenberger, na década de 80, quando o ambientalista fazia experimentos com o lodo resultante da Estação de Tratamento de Efluentes da então Riocell em baldes, no pátio de sua casa. Hoje, a Vida é administrada por sua filha Lara Lutzenberger e tornou-se responsável pelo manuseio, transporte e reciclagem de todos resíduos gerados pela Aracruz em sua planta de Guaíba (RS). Uma estação de tratamento de resíduos foi criada especialmente pela unidade a fim de destinar adequadamente os resíduos da produção de celulose. Este programa é considerado pioneiro no país e possui alta tecnologia e eficácia na garantia da responsabilidade ambiental.

De todos os resíduos gerados pela indústria, 99% são tratados e reciclados, sendo os 1% restantes constituídos de rejeitos da coleta seletiva e resíduos especiais. O produto final adquirido a partir da recuperação dos rejeitos é comercializado no formato de fertilizantes orgânicos, substratos para plantas e corretivos de acidez do solo, em todo o estado do Rio Grande do Sul.

Criada em 1979, a empresa fundada por Lutz se dedicava à reciclagem de resíduos industriais. Uma pequena fábrica em Bento Gonçalves (RS) fazia a compostagem da casca de acácia proveniente da indústria de tanino e retornada à agricultura uma preciosa matéria orgânica na forma de fertilizante.

Naquele ano Lutzenberger fundou ainda a Tecnologia Convivial - Consultores em Desenvolvimento Ecológico Ltda., através da qual se dedicou a consultorias para indústrias além de trabalhos de paisagismo e tratamento de efluentes. Várias foram as consultorias e em dois municípios estações de tratamento de esgoto com lagoas ecológicas foram implantadas: Porto Alegre e Pelotas - no Rio Grande do Sul.

Dentre os trabalhos de paisagismo da época destaca-se a execução do Parque da Guarita, em Torres. Parques e praças de Porto Alegre também mereceram a dedicação do ecologista, mas foi na Guarita que ele teve a oportunidade de transformar uma área em famoso cartão postal do estado.

Outro destaque da década de 80 foram as atividades junto ao setor coureiro-calçadista, consultorias que promoveram mudanças nos processos industriais resultando em melhor aproveitamento de insumos e reciclagem de material orgânico.

Visando reverter o conflito com o movimento ecológico gaúcho, a fábrica de celulose Riocell, localizada em frente a Porto Alegre, investiu fortemente na redução dos impactos ambientais. O empenho e investimento financeiro impressionaram Lutzenberger, que passou a acompanhar a empresa de perto. Mais tarde ele se tornou consultor daquela indústria, dedicando-se inicialmente à implantação de um parque ecológico na área aterrada para a instalação do tratamento de efluentes. Ao mesmo tempo pesquisava a utilização de seus resíduos, especialmente o lodo e os resíduos calcáreos.

Da consultoria à prestação de serviços e fabricação de produtos, a empresa foi se estruturando com técnicos, funcionários, equipamentos. Nos anos 90, as empresas Convivial e Vida se uniram, somando forças.
Por Carlos Matsubara

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