Ministério confirma localização de algodão transgênico
2006-05-02
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou que foram encontrados 450 hectares de algodão transgênico pirata em uma lavoura na fazenda Milagre, município de Centralina-GO. A plantação é mantida sob irrigação e está escondida entre grandes lotes de cana-de-açúcar, que servia como uma muralha natural. A área foi embargada pelo Mapa e poderá ser destruída. A fazenda está em nome de Amanda Keruza da Cunha Câmara de Aquino, esposa de Valdeci Tomás de Aquino, conhecido como Badu, que foi assessor e um dos que emprestava dinheiro ao ex-Ministro dos Transportes e prefeito de Uberaba, Anderson Adauto.
No local foram diagnosticadas sementes com a tecnologia BR, da Monsanto, que ainda não tem a comercialização permitida no País. A suspeita é que da fazenda Milagre esteja saindo a maior parte da semente pirata comercializada naquela região de Goiás e no Triângulo Mineiro. Segundo a assessoria de Imprensa do Mapa, as fiscalizações aumentarão no País, principalmente nos Estados da Bahia, Mato Grosso e Goiás. Segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) pelo menos 50% das sementes plantadas hoje no Brasil estão sendo pirateadas da Argentina e Paraguai, representando a queda na qualidade da fibra, baixa produtividade das lavouras e uma evasão fiscal sob a venda de sementes que fica na casa dos R$4 milhões por ano.
Segundo a Abrasem, na safra 2004/2005, foram plantados 1 milhão de hectares de algodão. Este ano, a área caiu para 826 mil hectares, que dariam a necessidade do consumo de, no mínimo, 530 mil sacas de sementes. Mas, junto às empresas credenciadas pela Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas), órgão oficial do Mapa, foram comercializadas apenas 250 mil sacas de sementes de algodão legais. No caso da fazenda Milagre, em Centralina, os proprietários ainda poderão recorrer da decisão antes da destruição da lavoura. Quanto à participação do ex-ministro Anderson Adauto, seu assessor de imprensa, Márcio Genari Mariano informou que Badu apenas o ajudou financeiramente uma vez e que "nunca mais os dois se encontraram. O prefeito não tem nada a ver com aquela fazenda", concluiu.
(Agência Estado, 01/05/06)