Empresas de papel não criam alternativas para composto cancerígeno, diz Idec
2006-05-02
O papel branco é resultado de sucessivas lavagens da celulose para retirada de impurezas. Esse processo produz uma pasta, que passa por clareamento intenso com ajuda de derivados de cloro, composto altamente cancerígeno. Apesar de alertados, os fabricantes de papel ainda não encontraram um substituto para o elemento químico.
De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a maioria das empresas de celulose negligencia medidas importantes de segurança. Esse comportamento pode resultar em acidentes ecológicos e sociais graves, como o derramamento de mais de 1 bilhão de resíduos tóxicos em Cataguazes (MG), em abril de 2003. A contaminação vitimou a totalidade dos peixes dos rios Pomba e Paraíba do Sul. Além disso, cerca de 600 mil habitantes ficaram sem água e mais de 2 mil pescadores sem o principal meio de subsistência.
Segundo as associações do setor dos fabricantes de celulose, o Brasil produziu 8 milhões de toneladas de papel em 2002, dos quais mais de 30% foram exportados. Até 2012, as perspectivas das indústrias são aumentar em 86% o número de hectares de eucaliptos no país.
Sob o argumento de gerar recursos para o país e criar postos de trabalho, a indústria do papel não encontra dificuldades para obter financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). No entanto, o número de empregos gerados por essas empresas não é o ponto forte do setor, altamente mecanizado na indústria e também nas áreas de reflorestamento.
(Agência Notícias do Planalto, 02/05/06)