Portugal vai implantar maior central solar do mundo
2006-04-28
Portugal vai ter a maior central solar fotovoltaica do mundo. O projeto, a instalar na zona de Serpa, representa um investimento de 75 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros) e resulta da iniciativa de duas empresas norte-americanas e uma portuguesa. Com uma potência de 11 megawatts e 52 mil módulos fotovoltaicos, a nova unidade de produção de energia solar vai permitir fornecer eletricidade a oito mil lares portugueses e permite poupar mais de 30 mil toneladas anuais de emissões de gases com efeito de estufa, quando comparada com uma produção equivalente a partir de combustíveis fósseis.
A GE Energy Financial Services, a PowerLight Corporation e a Catavento Lda (ver caixa) asseguram, em comunicado, que a construção da central arranca já no próximo mês, prevendo-se que esteja a funcionar em pleno em Janeiro de 2007. A escolha da localização tem a ver com o facto de Serpa estar situada numa das áreas de maior exposição solar da Europa (o Alentejo) e de esta zona dispor de maiores facilidades de ligação à rede nacional de transporte de electricidade, explicou ao DN Piero Dal Maso, responsável da Catavento, a única empresa portuguesa do consórcio. O projecto vai ficar implantado numa área agrícola de 60 hectares voltada a sul, que manterá, no entanto, a sua vocação produtiva.
"Este investimento constitui um passo importante para a GE Energy Financial Services, não só porque se trata da maior central de energia solar fotovoltaica do mundo, mas também porque é o nosso primeiro projeto de energia solar na Europa e nos coloca perto da marca de um bilhão de dólares do nosso portfolio global de energias renováveis", refere Alex Urquhart, CEO da GE Energy Financial Services. "Para além disso, a unidade utilizará a inovadora tecnologia de seguimento solar da PowerLight, que reforçará as suas vantagens energéticas."
Andrew Marsden, director-geral das Operações Europeias da GE, acrescenta ainda que a central "constituirá uma contribuição importante para os objectivos de produção de energia solar de Portugal e faz parte da sua estratégia de redução das emissões de gases com efeito de estufa." "Para nós, vem reforçar a nossa estratégia de investir em projetos de energias renováveis de alta qualidade na Europa em regimes regulamentares favoráveis, como é o caso de Portugal. A central de Serpa elevará para 177 megawatts o nosso portfolio de energias renováveis", sublinha.
Para Piero Dal Maso, sócio gerente da Catavento, "este projecto culmina anos de esforços administrativos e regulamentares na nossa estratégia de implantação de uma grande central solar em Portugal". Sérgio Costa, outro dos sócios gerentes da Catavento, sublinha: "Esperamos que esta unidade demonstre claramente que a energia solar fotovoltaica é uma promissora fonte de energia alternativa, que deveria estar liberta de bloqueios."
O projecto de Serpa foi apresentado à Direcção-Geral da Energia (DGE) em 2002 e só agora está a arrancar, explicou Piero Dal Maso. E a Catavento tem outros investimentos em energia solar para avançar, que aguardam há já algum tempo por autorizações da DGE. Segundo aquele responsável da Catavento, a Direcção-Geral de Energia não tem capacidade para dar resposta à quantidade enorme de pedidos para projectos de energia solar. "Em Janeiro de 2005, registava 3600 pedidos", recorda.
A Catavento, criada em 2002 por três sócios portugueses, tem, entretanto, já em marcha alguns projectos para Espanha e Itália. Em Portugal, está a preparar-se para concorrer a algumas centrais de biomassa, colocadas a concurso pelo Governo este ano.
(Diário de Notícias, 28/04/06)
http://dn.sapo.pt/2006/04/28/economia/portugal_ter_megacentral_solar.html