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2006-04-28
A partir de um equipamento que permite que a energia excedente seja adicionada ao sistema da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), a Itaipu Binacional pretende iniciar um processo de implantação de micro unidades de cogeração de energia no Oeste do Paraná, na região de abrangência da bacia hidrográfica dos rios que abastecem o lago da usina.

Técnicos de Itaipu, pesquisadores da Fundação PTI e da Unioeste inventaram um circuito integrado de monitoramento que, com o auxílio de software livre, pode medir, estabilizar e regular a geração de energia para a rede de transmissão. "A finalidade deste projeto é puramente ambiental porque há muito tempo estamos detectando no reservatório um aumento expressivo da eutrofização (proliferação excessiva de algas e plantas), que é proveniente da poluição de rios da região por resíduos de grandes frigoríficos e do crescimento da criação de animais estabulados", explica Cícero Bley, assessor da diretoria geral brasileira responsável pelo projeto.

A Itaipu, em conjunto com a Copel e a Sanepar , implantará a primeira unidade piloto do programa ainda este ano na bacia do Rio Toledo, região grande produtora de suínos. Além disso, a partir do aproveitamento de resíduos de aves e suínos para a geração de energia - o biogás -, os produtores rurais de 29 municípios da região Oeste do Paraná, que formam a Bacia do Paraná III, poderão ter uma nova fonte de renda, além de ajudar a proteger meio ambiente.

Calcula-se que o potencial da região Oeste do Paraná, onde há um rebanho de 1,2 milhão de suínos cujos dejetos são lançados em córregos e riachos que deságuam diretamente no reservatório de Itaipu, pode gerar 36 MW, o equivalente à produção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH).

O projeto atraiu a atenção do governo federal e, na quarta-feira, em Brasília, a Itaipu Binacional assinou, juntamente com a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (PTI), convênio com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a implantação de um projeto de geração de energia proveniente dos resíduos orgânicos da suinocultura. A Embrapa desenvolve estudos na área de micro e cogeração e está propondo, inclusive, a criação de uma empresa pública para comandar a exploração de fontes alternativas de energia, a chamada agroenergia.

Com o uso de biodigestores para tratamento, os dejetos de suínos vão se transformar em biogás - uma mistura de gás metano com gás carbônico e outros gases em menor quantidade - e em biofertilizante, para ser aplicado nas lavouras. A energia gerada será utilizada para atender as propriedades rurais, como o funcionamento de motores elétricos, aquecedores de água, geladeira, fogão e outros utensílios domésticos. O biogás também poderá substituir o gás liquefeito de petróleo na cozinha. A produção excedente deverá ser adquirida pela Copel.

Segundo Cícero Bley, a Itaipu está interessada em desenvolver o projeto porque está pensando além de simples geradora de energia. "A eutrofização não cria problemas para a geração de energia, mas pode inviabilizar no futuro a utilização do lago em projetos de pesca, de lazer e mesmo de abastecimento de água potável", diz ele. "A nossa idéia é a de que tudo o que represente poluição da água e dos rios possa ter aproveitamento nas micro unidades de cogeração", explica.

O projeto da Itaipu Binacional poderá beneficiar cerca de cinco mil pequenos produtores de animais, com a instalação de estação de tratamento coletivas, por segmentos de microbacias hidrográficas, com a finalidade de estabelecer geração de energia igual ou superior a 0,5KW. Também poderão participar grandes produtores de animais, com instalações unitárias para gerar energia igual ou superior a 0,5 KW; unidades frigoríficas, ou de transformação de alimentos, com capacidade para gerar energia igual ou superior a 0,5 KW e as unidades públicas de tratamento de esgotos, com capacidade também para gerar energia igual ou superior a 0,5 KW.

O projeto será aplicado na região da Bacia Hidrográfica Paraná III, na sub-bacia do rio São Francisco Verdadeiro, eleita pelo Programa Hidrológico Internacional/HELP da Unesco. Nesta área já existe um projeto em andamento, envolvendo alguns parceiros, na micro-bacia do rio Toledo.

O projeto de Itaipu enquadra-se no Plano Nacional de Agroenergia, desenvolvido pelos ministérios da Agricultura, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para ser aplicado de 2006 a 2011 e prevê a geração de energia a partir de resíduos florestais, biogás, biodiesel e etanol.
(GM, 28/04/06)

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