Campanha virtual protesta contra a construção de hidrelétricas
2006-04-28
Uma campanha virtual do Instituto Sócio Ambiental – ISA - protesta
contra a construção de barragens no rio Ribeira de Iguape. Foi criado um
hotsite da campanha com informações sobre a região e o impacto da
construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira - na
região limítrofe entre São Paulo e Paraná -, cujo estudo de Impacto
Ambiental está em análise pelo Ibama desde novembro do ano passado.
O pronunciamento do órgão, atestando ou não a viabilidade do
empreendimento, deve ocorrer nos próximos meses, motivo pelo qual a campanha
convida para a participação no movimento imediatamente.
Uma carta de protesto faz parte do movimento, buscando sensibilizar as
autoridades para a “preservação do patrimônio ambiental, social e
cultural do Vale do Ribeira”, qualificado como Patrimônio Natural da
Humanidade. O texto fala ainda da inundação de cerca de 11 mil hectares nos
médio e alto cursos do rio, que resultaria em desapropriações de
agricultores familiares e quilombolas e destruição de áreas protegidas
atualmente. “Esse é um modelo de desenvolvimento socialmente excludente e
ambientalmente irresponsável, que não interessa ao país”, diz um trecho da
carta.
O Vale do Ribeira contém mais de 2,1 milhões de hectares de florestas,
sendo 21% dos remanescentes de Mata Atlântica do país, segundo dados do
ISA, no site da campanha. A entidade atribui a preservação dessa
riqueza às comunidades tradicionais que residem ainda na região, como
quilombolas, pequenos produtores rurais, índios e caiçaras.
O destinatário da carta é o diretor de Licenciamento e Qualidade
Ambiental do Ibama, Luiz Felipe Kunz Jr., além de outras autoridades
envolvidas como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente Luís
Inácio Lula da Silva.
Kunz tem recebido as mensagens da campanha e considera uma manifestação
democrática que demonstra o alto grau de consciência sócio-ambiental da
população. Ele afirma que existe apenas o processo de licenciamento da
usina hidrelétrica Tijuco Alto na Bacia do Rio Ribeira do Iguape, no
Ibama, apesar de existirem outras usinas em estudo pela Aneel.
A desafetação de áreas de Unidades de Conservação para construção de
empreendimentos de utilidade pública ou interesse social pode ocorrer, em
tese, de acordo com o diretor de Licenciamento. “Mas as desafetações
devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional, Assembléia Legislativa ou
Câmara Municipal, caso estas UCs sejam respectivamente federais,
estaduais ou municipais”, ressalva.
O empreendimento encontra-se em fase de análise do Ibama, confirma
Kunz. “Ainda não há parecer técnico a respeito da viabilidade ambiental do
empreendimento”, diz. Mas ele afirma que, passado esse período, quando
for verificada a qualidade do estudo, a população será informada dos
resultados e serão realizadas audiências públicas para discussão dos
impactos ambientais.
(AmbienteBrasil, 27/04/06)