Manejo florestal da caatinga é discutido com empresários em Pernambuco
2006-04-28
O Ibama reuniu, quarta-feira (26), na cidade de Trindade, a 655 km do Recife,
no Sertão do Araripe, empresários do pólo gesseiro de Pernambuco no
seminário “Eficiência Energética em Bases Sustentáveis”, promovido em
parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), o BNB, o programa
Gef-Caatinga (MMA), o Sebrae e a Rede de Manejo Florestal.
O objetivo do encontro foi apresentar o novo modelo de fiscalização
adotado pelo Ibama, que será feito através do controle da lenha e carvão
consumidos pela produção de cada empresa. O seminário serviu também
para incentivar o manejo florestal, já que as empresas terão que utilizar
100% de lenha manejada a partir de agora.
Participaram do evento, além de empresários do setor, representantes de
sindicatos, prefeituras, ONGs e representantes da sociedade civil
local. Durante as palestras foram apresentados dados sobre a situação do
bioma caatinga na área do Araripe e sugeridas soluções e prazos para que
as empresas adotem o novo sistema.
A fiscalização será feita através da atualização do cálculo de consumo
médio de lenha ou carvão por cada tipo de forno das empresas
consumidoras. Também serão usadas para o controle a identificação da produção
declarada no Cadastro Técnico Federal (CTF) e a utilização do ICMS
ou IPI recolhido na produção e comercialização do produto especifico do
empreendimento.
Segundo o superintendente do Ibama, João Arnaldo Novaes, cerca de 70
empresas da região são responsáveis pelo consumo de 267 mil caminhões de
lenha. Desse total, 97% são de origem insustentável. "Vamos monitorar a
procedência da lenha nas empresas e elas terão um prazo de 90 dias para
começarem a utilizar o sistema de manejo florestal”.
Segundo levantamentos desenvolvidos pelo Ministério das Minas e Energia
em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, nos últimos 10 anos a
cobertura florestal da caatinga diminuiu 30% de sua área total e o
principal responsável por este cenário tem sido a operação de indústrias que
utilizam espécies nativas da caatinga como fonte de energia.
Em Pernambuco, os principais consumidores de produtos ou sub-produtos
florestais para fins energéticos atualmente são: o pólo gesseiro do
Araripe, responsável pela produção de 95% do gesso fabricado no Brasil, a
Siderúrgica Fergusa, em São José do Belmonte, a Ondunorte, na Região
Metropolitana do Recife, o pólo têxtil e as calcinadoras do Agreste e as
cerâmicas de Paudalho. O Ibama envolverá na operação mais sete pólos nos
próximos três meses e a expectativa é que em um ano todas as áreas
tenham adotado o plano de manejo florestal de produtos originários da
caatinga.
(Ibama, 27/04/06)