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2006-04-27
O presidente russo, Vladimir Putin, cedeu aos ambientalistas ao determinar um desvio no projeto de um oleoduto para proteger o lago Baikal, na Sibéria, uma das maiores reservas mundiais de água doce. "A decisão de transferir o oleoduto para fora da zona de segurança hídrica do Baikal é um passo correto do ponto de vista da ecologia", comemorou Serguei Tsiplenkov, diretor-executivo do Greenpeace na Rússia.

O oleoduto Sibéria Oriental-Pacífico, que vai servir para levar petróleo à China, ao Japão e à Coréia do Sul, vinha provocando protestos. Pelo projeto inicial, ele passaria a apenas 800 metros do lago. O vice-presidente da Academia de Ciências russa, Nikolai Laverov, propôs construir o oleoduto a pelo menos 40 quilômetros da margem norte. Ele explicou que a distância será o suficiente evitar a contaminação do Baikal no caso de um acidente.

Ambientalistas russos e estrangeiros consideravam a construção do oleoduto um sério risco. Ele vai passar por uma região de alta atividade sísmica, onde ocorrem terremotos de até dez graus na escala aberta de Richter.

Depois de aceitar a proposta de Laverov, Putin propôs começar as obras simultaneamente, partindo das duas pontas. A emenda só seria feita depois de estudos detalhados de todos os aspectos relacionados à obra na zona do Baikal. "Em nome das gerações futuras, devemos fazer o possível para excluir até a menor possibilidade de poluição do Baikal", disse o presidente. Para ele, o oleoduto vai aumentar a segurança ecológica. Atualmente, o petróleo é transportado por ferrovia, o que representa riscos maiores para o meio ambiente. Vladimir Yakunin, presidente da empresa Ferrovias da Rússia, confirmou que em alguns trechos os trens passam a apenas 80 metros da margem. Guennadi Shmal, presidente da União de Empresas Petroquímicas da Rússia, opinou que o desvio não vai aumentar consideravelmente o custo da obra, mas vai criar dificuldades técnicas. "Tínhamos descartado o traçado porque ao norte do Baikal há zonas de gelos eternos", explicou Shmal.

Semión Vainshtok, presidente da estatal Transneft, garantiu que pode começar a obra em 48 horas. "Cumprimos todos os requisitos, e na sexta-feira podemos começar a executar o projeto, único no mundo", afirmou.

Em dezembro de 2004, o primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, autorizou a construção do oleoduto, de 4.180 quilômetros, para transportar até 80 milhões de toneladas de petróleo/ano. Com o desvio, ele ganhará mais 900 quilômetros. Será o maior oleoduto russo.

Na primeira etapa, 2.400 quilômetros de encanamentos vão ligar Taishet a Skovoródino, enquanto a região de Primorie, no litoral do Pacifico, recebe uma base marítima. Depois, Skovoródino será conectada com um terminal em Primorie.

Também está prevista a construção de um ramal em direção à China, provavelmente chegando a Daqing, centro industrial no nordeste do país. No futuro, o oleoduto abasteceria as duas Coréias. Pelos planos do governo, 56% do petróleo do oleoduto sairão de jazidas da Sibéria Oriental e da república de Saja. O resto virá da Sibéria Ocidental e da ilha de Sajalín, no Pacífico.
(EFE, 27/04/06)

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