Expulsa por Evo Morales e alheia ao desejo expropriador do governo de La Paz, a siderúrgica de capital brasileiro EBX preparava ontem sua saída da Bolívia. A desmontagem de fornos para produção de 800 mil toneladas de ferro gusa deve começar até o fim da semana. Os 700 empregados iam sendo avisados das demissões. O governo Evo Morales anunciou ontem, após a EBX informar a saída, que o Estado tentará expropriar o investimento em Puerto Quijarro, na província de German Busch, próximo à fronteira com o Brasil. A afirmação foi feita pelo vice-presidente boliviano Alvaro Garcia Linera.

De 148 milhões de dólares previstos para construir fornos, 50 milhões já foram investidos. A siderúrgica terá de responder a processos judiciais por ter abandonado investimentos em área interditada pela Constituição Política. Na semana passada, dirigentes cívicos e empresariais de Puerto Suarez - onde a EBX colocou sem autorização quatro fornos - fizeram reféns três ministros, em ação supostamente incentivada pela empresa. No Brasil, o vice-presidente José Alencar considerou "uma violência" a intenção de expropiar equipamentos da usina.
(CP, 27/04/06)