Irã quer transferir tecnologia nuclear para outros países
2006-04-26
O Irã está disposto a transferir a outros países sua experiência em tecnologia nuclear, declarou o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, citado pela agência oficial Irna. A principal autoridade do Estado iraniano fez referência à "capacidade no setor nuclear dos cientistas iranianos" acrescentando que "a República Islâmica do Irã está disposta a transferir essa experiência, o conhecimento e a tecnologia" a outros países.
Khamenei fez as declarações ao final de uma reunião com o presidente sudanês, Omar el Bechir, que, por sua vez, considerou que "o sucesso do Irã na conquista de uma tecnologia nuclear pacífica representa uma grande vitória para o mundo islâmico", segundo a Irna. As potências ocidentais que se opõem a que o Irã tenha um programa nuclear próprio temem, entre outras coisas, que a república islâmica facilite a proliferação da tecnologia nuclear, seguindo o exemplo do Paquistão.
A equipe do cientista paquistanês A.Q. Khan prestou, precisamente, ajuda ao Irã. Teerã anunciou, no dia 11 de abril, ter enriquecido urânio com sucesso. O fato de um país saber enriquecer urânio permite a essa nação produzir combustível nuclear e, também, fabricar a carga físsil das bombas atômicas.
NEGOCIAÇÕES
Uma delegação iraniana de alto nível manterá conversações de última hora nesta quarta-feira (26/04) com a AIEA (Agência Internacional da Energia Atômica) antes da sexta-feira (28/04) --prazo final fixado para que Teerã suspenda o enriquecimento de urânio--, afirmaram nesta terça-feira (25/04) diplomatas da ONU. Outros diplomatas confirmaram que a reunião será realizada, mas não comentaram em que âmbito diplomático. Um porta-voz da agência se negou a confirmar este encontro.
O vice-presidente Gholamreza Aghazadé, que também dirige a Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), liderará a delegação do país que deve manter "conversações técnicas", informou um diplomata à France Presse. Uma fonte ouvida pela France Presse afirmou que o encontro tem a intenção de reduzir os temores suscitados pela escalada de declarações proferidas pelas autoridades iranianas à medida que se aproxima o prazo final dado pela ONU.
As reuniões serão realizadas 48 horas antes de o diretor-geral da AIEA, o egípcio Mohamed El Baradei entregar um relatório sobre as atividades nucleares iranianas ao Conselho de Segurança (CS) da ONU. Se o Irã não cumprir com o pedido antes do prazo fixado, o CS pode decidir aplicar sanções econômicas e militares.
(JC, 25/04/06)
http://jc.uol.com.br/2006/04/25/not_110949.php