Artesanato feito a partir de resíduos da madeira beneficia comunidade no Pará
2006-04-26
Quando o marceneiro Nazareno da Costa Marques foi convidado para fazer parte do projeto Amigos Eco, há três anos, ele recebeu a incumbência de ensinar, produzir e gerar renda. A tarefa tem sido cumprida à risca. Nazareno faz parte do grupo que coordena os trabalhos da Ecotauá Artesanatos, cooperativa localizada no município de Santo Antônio do Tauá, a 52 km de Belém. O projeto, que se destaca pelo aproveitamento de mão-de-obra local, conta atualmente com 12 parceiros e beneficia 88 famílias.
Nazareno, hoje vice-presidente da cooperativa, lembra que a base do projeto é social e tem alcançado seu objetivo que é a promoção de emprego e renda para famílias carentes. Ele explica, ainda, que a cooperativa é “quase uma escola”, pois muitas pessoas que se interessam em fazer parte das atividades precisam se submeter a várias orientações técnicas para se profissionalizar. “No município não há muitos postos de trabalho. Temos mais de 200 famílias cadastradas para trabalhar”, destaca ele. Cada trabalhador recebe cerca de dois salários mínimos. Eles trabalham divididos entre os setores de produção, montagem e acabamento.
Madeira nobre - A cooperativa deu seus primeiros passos em 2003, de forma tímida, com um pequeno grupo de artesãos, mas ganhou força em julho de 2004, quando a exportadora Tradelink, empresa filiada à Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará - Aimex , se interessou pelo objetivo proposto, decidiu abraçar a causa e passou a doar para o grupo sobras de madeira nobre, material que, na empresa, era utilizado para alimentar a caldeira. O empreendimento cresceu e despertou a atenção de um maior número de pessoas. A parceria também resultou na conquista do mercado externo. Atualmente, os principais compradores do artesanato produzido pela Ecotauá são empresas dos Estados Unidos, Itália, Japão, Alemanha e Portugal. Grandes empresas sediadas no Brasil, como a Tramontina, também estão encomendando os produtos da Ecotauá. O resultado do investimento social tem sido tão gratificante para os investidores que a Tradelink agora não doa apenas 10% das sobras, mas 100% delas.
A exportadora também tem ajudado na compra de máquinas para montagem de peças maiores encomendadas por empresas locais. A produção segue para o mercado de embalagens de produtos cosméticos, alimentícios regionais, chocolate, biscoitos, brindes corporativos e até jóias. Os artesãos também trabalham uma linha para o segmento de decoração, produtos para escritório, cozinha, mesa e acessórios femininos. A produção, como conceituam os coordenadores do projeto Amigos Eco, se constitui de “fino acabamento e alto padrão de qualidade e design”.
Além da promoção de emprego e renda, o projeto Amigos Eco tem se destacado pela realização de atividades esportivas e culturais destinadas à comunidade de Santo Antônio do Tauá. O trabalho é feito pelos associados e pelas entidades e empresas parceiras e tem como objetivo promover a inclusão social e a educação ambiental, e ensinar noções de cidadania.
(O Liberal, 25/04/06)