Mais dez projetos de agricultura orgânica irão integrar nos próximos meses a Gestão Estratégia Orientada para Resultados (Geor), uma metodologia desenvolvida pelo Sistema Sebrae cujo objetivo é a estruturação, o gerenciamento e o acompanhamento de projetos. Atualmente a Carteira de Orgânicos da Unidade de Agronegócios do Sebrae congrega 16 projetos da agricultura orgânica, segundo a coordenadora Maria Maurício.

"A agricultura orgânica é uma oportunidade de mercado para o agricultor porque o preço é atraente em função da qualidade do produto oferecido. O mercado cresce no Brasil cerca de 50%, muito mais do que na Europa, grande consumidor do produto".

Roraima, Norte de Minas Gerais, região Serrana e Noroeste do Rio de Janeiro têm projetos na área de horticultura. Já Mato Grosso produz castanha, guaraná em pó, café, açúcar orgânico, melado de cana, mel de abelha e está iniciando um projeto com frango orgânico. O Paraná desenvolve, além da horticultura, algodão e cana e o Distrito Federal, café e frutas.

De acordo com Maria Maurício, os dez projetos que entrarão na Geor já estão estruturados. Estão sendo desenvolvidos nos estados de Santa Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais (dois projetos) e São Paulo.

A coordenadora explica que, entre os benefícios da agricultura orgânica, estão o aumento na renda de populações carentes, geração de um maior números de empregos e a segurança alimentar. "O mote da agricultura orgânica é a agricultura familiar, que é diversificada em sua área de atuação. Ela baseia-se na prática consciente, no respeito ao meio ambiente. Por isso, o consumo desses produtos tem aumentado no Brasil e no mundo todo".

Ana Lúcia Santiago, do Programa de Orgânicos do Sebrae em São Paulo, disse que a entidade está fazendo um mapeamento dos grupos que trabalham com agricultura orgânica no Estado. Segundo ela, regiões como Barretos, Vale do Ribeira, Mogi das Cruzes e Itapeva já desenvolvem há algum tempo produtos orgânicos. "Mas queremos conhecer mais profundamente todos os projetos no Estado". Após o mapeamento, Ana Lúcia acredita que alguns já estejam em condições de integrar a metodologia do Geor.

O próximo passo do Sebrae em São Paulo será a participação na 4ª Biofach, que acontecerá em outubro deste ano pela primeira vez em São Paulo. "Vamos apoiar vários e grupos e mostrar a força do Estado", disse Ana Lúcia.

O Estado do Espírito Santo é outro que acredita na agricultura orgânica. Em 53 dos 79 municípios, há produtores trabalhando no segmento. Eles são incentivados por um programa de governo executado com parcerias, ao estilo do Programa de Apoio à Agricultura Orgânica, desenvolvido no município de Santa Maria do Jetibá. Atualmente existem no Espírito Santo pelo menos 300 produtores trabalhando com agricultura orgânica e outros 500 cuja produção está em fase de transição da agricultura tradicional para a orgânica.

Pais - Outro projeto da Carteira de Orgânicos do Sebrae Nacional é a Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais), um sistema de agricultura familiar orgânica de baixo custo de implantação. A carteira está trabalhando o Pais em 36 municípios de 12 estados brasileiros. Os primeiros resultados já começaram a aparecer em quatro unidades demonstrativas instaladas – Pedra Branca (CE), Sumé (PB), Cristalina de Goiás (GO), Pai Pedro (Norte de Minas Gerais).

O Pais é montado em torno de um sistema de anéis, cada um destinado a uma determinada cultura, que complementa a que vem a seguir. O centro do sistema de agricultura familiar ecológica é utilizado para criação de pequenos animais como galinhas caipiras e patos. O esterco produzido pelas aves é utilizado para adubar a horta.

Os produtores dessas quatro regiões já conseguem tirar em média R$ 400 por mês com a venda dos produtos. "Se levarmos em conta que muitas destas propriedades não tinham nenhuma atividade, o rendimento é muito bom", diz Maria Maurício. A coordenadora está impressionada com a criatividade dos produtores. "Alguns já conseguiram ampliar as unidades iniciais".

O projeto todo, fruto de uma parceria entre o Sebrae, Ministério da Integração Regional e Fundação Banco do Brasil, terá 1.080 unidades instaladas em municípios nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso do Sul. O objetivo é que nos próximos 12 meses todas as unidades estejam instaladas.
(Agência Sebrae, 25/04/06)