Romênia evacua 10 mil pessoas após rompimentos de 4 diques
2006-04-26
Os diques de contenção ao longo dos mais de mil quilômetros do curso romeno do rio Danúbio cederam em quatro pontos nas últimas 48 horas, o que levou à retirada de cerca de 10 mil pessoas. Segundo informou o Ministério romeno do Interior, só no distrito de Dolj, no sul do país, cerca de 8 mil pessoas tiveram que abandonar suas casas fugindo das águas que, após romperem o dique de Bistret, inundaram outras seis localidades.
A situação é considerada "dramática" nas localidades de Sarata, Dabuleni (Dolj) e Oltina, do distrito de Constança, onde os diques de contenção também cederam em vários pontos e a água avança, ameaçando inundar as casas e as vias de acesso. As autoridades consideram iminente a ruptura do dique em Ceatalchioi, no distrito de Tulcea, onde a população trabalhou toda a noite tentando salvar a área com a construção de quilômetros de diques com sacos de areia.
O primeiro-ministro romeno, Calin Popescu Tariceanu, convocou na terça-feira (25/04) o Comitê Ministerial para as Situações de Emergência para determinar novas medidas para fazer frente à situação. Em entrevista coletiva, Tariceanu disse que o primeiro objetivo é "salvar as vidas humanas" e destacou que até agora não houve nenhuma vítima mortal por causa do transbordamento do Danúbio. O premier explicou que o comitê tomou a decisão de controlar os diques situados no sudeste da Romênia, onde há áreas "muito vulneráveis".
O objetivo é salvar as grandes aglomerações urbanas de Braila e Galati, a chamada estrada do Sol (Bucareste-Mar Negro) e a via férrea Bucareste-Fetesti. O primeiro-ministro destacou que o perigo não passou ainda e que há diques que podem ceder porque não foram construídos para resistir a grande pressão de água, que atualmente supera em duas vezes no nível máximo que tinha sido registrado até agora, de 7.900 metros cúbicos por segundo.
Ao mesmo tempo, o premier informou que o nível começou a cair no ponto de entrada na Romênia, onde se espera o registro de cerca de 14 mil metros cúbicos por segundo até o dia 30, frente aos 15.800 da semana passada, recorde nos últimos cem anos. O chefe do Governo disse que os especialistas analisam um plano de longo prazo para evitar novas inundações de grandes dimensões.
A idéia consiste em devolver às margens do Danúbio amplas áreas para que possam ser inundadas de maneira natural pelas águas do rio. Tariceanu lembrou que os diques foram construídos ao longo de mais de mil quilômetros do Danúbio nas décadas de 1960 e 1970 para a prática da agricultura sobre terrenos, que anteriormente estavam expostos a inundações regulares, e se mostrou propício a "re-naturalizar" o curso inferior do rio, de acordo com as normas européias.
"Agora pagamos o preço da agricultura extensiva" praticada no tempo do comunismo, disse o primeiro-ministro. Por enquanto, as medidas imediatas se centram na ajuda à população afetada, com espaços de alojamento para pessoas e animais, comida, água, remédios, meios de transporte. Milhares de militares, gendarmes, bombeiros e voluntários trabalham ainda para transferir a população das localidades que estão sob a iminente ameaça das águas, enquanto "começaram a chegar também ajudas do exterior", disse Tariceanu.
O Governo pôs à disposição dos desabrigados cerca de mil veículos, conjuntos de utensílios, ferramentas de construções, embarcações, helicópteros, fogões de campanha, colchões e cobertores, enquanto prometeu aos desabrigados ajudas e indenizações.
(EFE, 25/04/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/04/25/ult1809u7977.jhtm