Cládio Dilda fala sobre as diretrizes para a Sema
2006-04-26
O alerta "A Vida no Limite" será emitido pelo Governo do Estado à população
durante a programação da Semana Estadual do Meio Ambiente 2006, a ser
deflagrada em 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica. A abordagem central
do evento é destacada nesta entrevista pelo secretário do Meio Ambiente,
Cláudio Dilda, para quem “é necessário valorizar comportamentos adequados e
mudar aqueles que são ambientalmente nocivos".
Qual a linha de conduta que o senhor está adotando no comando da Secretaria?
Reafirmo a convicção de que, efetivamente, a questão ambiental veio para ficar.
Ela precisa ser tratada dentro da perspectiva da co-responsabilidade. Ou seja:
o órgão - municipal ou estadual - de gestão ambiental não pode encará-la, pura
e simplesmente, sob o ponto de vista da mera fiscalização, que é uma de suas
tarefas precípuas. Deve, sim, concomitantemente, promover a educação e a
reeducação ambiental, levando à população a mensagem de que o ambiente é
dependente de todos. Por quê? Porque o ambiente nada mais é do que o espaço
onde as coisas acontecem, no qual ocorrem todas as nossas ações na relação com
o meio e a interatividade - ou não - com os demais seres que nele vivem. O
ambiente não é uma caixinha separada da sociedade, é a soma de todas as
manifestações físicas, químicas e biológicas que ocorrem na superfície e nas
entranhas do planeta. É nossa imagem e semelhança. Nesta nova compreensão está
alicerçado o conjunto de iniciativas nos quais aposta a Secretaria do Meio
Ambiente do Rio Grande do Sul, que só tem início e continuidade porque o
desafio é permanente. Entre elas, implementar o Sistema Estadual de Educação
Ambiental, a Rede de Monitoramento do Rio Guaíba e o Plano Estadual de
Recursos Hídricos, além de acelerar o Programa de Reposição de Matas Ciliares
e aperfeiçoar o processo de emissão de licenças ambientais e de outorga de
recursos hídricos.
Pode-se dizer que os órgãos ambientais do Estado conseguiram livrar-se do
estigma de policialescos, de dura fiscalização, dando lugar ao que se costuma
chamar de compromisso social?
Não atingimos este ponto do processo. A ação fiscalizatória ainda se faz
imprescindível. O efetivo tratamento da questão ambiental deve passar por uma
mudança de paradigma, implica mudança de mentalidade e, conseqüentemente,
adesão a essa nova escala de valores. Ora, isso somente ocorre à medida em que
a sociedade incluir o atendimento das prerrogativas nas relações com o meio
ambiente. É nesse sentido que, além do papel de polícias diante de uma infração,
de aplicarem uma penalidade prevista em lei, os órgãos ambientais do Estado
também enfatizam a educação e a reeducação ambientais para que se constitua uma
sociedade com hábitos e culturas diferentes no que diz respeito ao meio
ambiente. Obviamente, isso não se efetivando, é dever dos órgãos fiscalizadores
tomarem as providências compatíveis à agressão praticada contra o meio
ambiente. Daí que, por um longo tempo, vamos precisar utilizar deste mecanismo
de controle.
A educação e a reeducação são os meios para despertar a consciência ecológica
das pessoas, comuns ou com poder de decisão?
Todos estamos inseridos numa cultura, constituída ao longo do tempo, que tem
como premissa que o meio ambiente está à disposição, única e exclusiva, do ser
humano. Ora, há necessidade de uma revisão conceitual, que leve a uma mudança
de comportamento e, conseqüentemente, de cultura. Revisão que passa pela
educação - em sala de aula e de maneira informal nos meios de comunicação - com
novo enfoque: que problemas de ordem ambiental em uma parte qualquer da Terra
acaba tendo conseqüência no planeta inteiro. Neste contexto, salienta-se a
importância de se propugnar a necessidade de mudanças de hábitos, pessoais e
coletivos.
O que o senhor pode adiantar sobre a programação e objetivos da Semana do Meio
Ambiente, que ocorre entre 27 de maio e 5 de junho próximos?
"A Vida no Limite" será a abordagem central do evento, escolhida pelas
entidades engajadas na organização - Conselho Estadual de Meio Ambiente,
Secretaria da Educação, Comando Ambiental, Secretaria da Saúde, Federação dos
Municípios (Famurs) e algumas ONGs ligadas ao setor, além da Secretaria do
Meio Ambiente, através do Departamento de Recursos Hídricos, do Departamento de
Florestas e Áreas Protegidas, da Fepam e da Fundação Zoobotânica. O tema serve
como indicativo de alerta, com a intenção de sensibilizar toda a sociedade
sobre os problemas ambientais e alterar o cenário de degradação e baixa
qualidade de vida.
(Informações do Palácio Piratini, 25/04/06)