Coleta de lixo em Caxias do Sul ainda dá prejuízo
2006-04-25
A limpeza de Caxias do Sul custa R$ 70 mil por dia. Esse valor é gasto com o
pagamento de funcionários, a manutenção de equipamentos e compra de produtos e
ferramentas necessárias para varrição, capina e recolhimento do lixo.
Essa despesa ainda tem sido maior do que o dinheiro que a Companhia de
Desenvolvimento de Caxias (Codeca) arrecada. Ou seja, o lixo está dando
prejuízo à cidade. O balanço financeiro da empresa em 2005, apresentado ontem
(24/04), mostrou que as contas da Codeca fecharam o ano com R$ 759 mil
negativos. Embora a empresa ainda não tenha conseguido zerar as dívidas, o
prejuízo já é 83% menor do que em 2004, quando a companhia ficou devendo R$
4,5 milhões.
O segredo para essa queda no déficit foi tratar a empresa pública como se ela
fosse privada. O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, explica que
todos os procedimentos e gastos foram revistos, desde as despesas com telefone
e energia elétrica até o pagamento de horas extras a funcionários.
- Criamos um grupo de trabalho para analisar todas as contas e fizemos um
plano de recuperação, que está sendo seguido à risca - comenta Didomenico.
Até o final de 2006, o diretor pretende zerar as contas. A meta é apresentar
um balanço positivo no próximo ano, para começar a investir no crescimento da
companhia. Uma das estratégias será tratar o asfalto que a Codeca produz como
produto para ser vendido a empresas particulares, em vez de ser usado apenas
pela prefeitura. A outra parte do plano será a transparência que Didomenico
pretende ter em relação aos projetos e à prestação de contas:
- O dinheiro que a Codeca usa é público, e nós devemos uma satisfação para a
sociedade.
O prejuízo da Codeca traz principalmente uma conseqüência grave para a cidade:
sem dinheiro não há investimento. Enquanto a empresa não tiver um balanço
positivo, não conseguirá recursos de financiamentos para investir na companhia.
O novo aterro sanitário, que tem vida útil de apenas mais 24 meses, por
exemplo, é um dos prejudicados. A única maneira de conseguir verba para
construí-lo é por meio de empréstimos, que não serão concedidos enquanto a
Codeca estiver com dívidas.
- Não somos nós que não queremos. É vedado por lei empresa com balanço negativo
contrair financiamento público - diz Didomenico.
Outra medida é a ampliação do aproveitamento do lixo seletivo. Com a quantidade
de caminhões que a Codeca possui hoje é possível encaminhar para reciclagem
apenas 16% do que recolhe. A meta é aumentar para 30%.
(ZH 25/04/06)