São Paulo não corre mais o risco de ficar cada vez mais cinza
2006-04-25
Um corredor empresarial que seria construído na Estância Turística de Embu, em Embu das Artes - a cerca de 25 quilômetros da cidade de São Paulo, próximo à Reserva Florestal do Morro Grande -, gerou inúmeras discussões no final de 2005. O local apresenta importantes fragmentos de Mata Atlântica, motivo pelo qual a atividade econômica deveria se adequar à necessidade de preservação dos ecossistemas.
O espaço considerado área de preservação não poderia ser utilizado para outros fins, o que acabou gerando uma disputa entre o poder público e as entidades ambientalistas. O corredor poderia comprometer os ecossistemas e a preservação de mananciais.
O presidente da Sociedade Ecológica Amigos de Embu - SEAE -, Leandro Dolenc, envolveu-se diretamente na causa e hoje comemora os resultados obtidos. No início deste mês, o prefeito de Embu, Geraldo Leite da Cruz, corrigiu o Plano Diretor da cidade e sancionou a Lei Complementar 84, de 07 de abril de 2006, que elimina o Corredor Empresarial na Rua Maria José Ferraz Prado, em Itatuba.
O relatório florestal realizado para avaliar a área trouxe informações importantes a respeito da região, devendo ser apresentado como iniciativa exemplar em um evento programado para ser realizado em agosto, pelo Ministério do Meio Ambiente. “É um exemplo que temos que levar para todo o Brasil”, diz Dolenc, destacando a seriedade do relatório em questão, dizendo tratar-se de um instituto com uma equipe técnica altamente capacitada.
Sete das 202 espécies nativas encontradas se enquadram na categoria de ameaçadas e uma delas é considerada endêmica na região, segundo informações transmitidas da SEAE. Foram registrados ainda que “as espécies não foram encontradas apenas nas florestas secundárias em estágio intermediário e avançado de conservação, mas também foram registradas nos fragmentos em fase inicial”, ainda de acordo com o informe da SEAE.
O Instituto Florestal fez a análise também dos recursos hídricos e da fauna da região, apontando que os empreendimentos poderiam comprometer as nascentes e os pequenos córregos que cortam a área, assim como atingir espécies ameaçadas de extinção no estado conforme o Decreto Estadual Nº 42.838, a exemplo do Sagüi-da-serra-escuro Callithrix aurita, considerado em perigo, e o Gavião-pega-macaco Spizaetus tyrannus, hoje na categoria vulnerável.
A discussão foi importante para gerar a conscientização, principalmente do poder público, em relação às áreas de entorno das Unidades de Conservação, na avaliação de Dolenc. Ele comemora a conquista que, para ele, transcende o município de Embu, chegando à cidade de São Paulo, onde as areas verdes diminuem rapidamente.
Segundo o presidente da SEAE, a questão ambiental alcançou um novo status com o resultado e outros projetos já começam a se desenvolver como a implantação da Agenda 21 nas escolas. “A cidade ganhou um grupo forte, trabalhando em prol do meio ambiente”, conclui.
Veja o Decreto Nº: 42.838/98 que Declara as Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção e as Provavelmente Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo.
http://www.ambientebrasil.com.br/legislacao/busca.php?action=show_lei&id=1108
(AmbienteBrasil, 24/04/06)