Cientistas ingleses descobrem rios sob a Antártida
2006-04-24
Uma equipe de cientistas do Reino Unido descobriu rios que correm por centenas de quilômetros sob profundas camadas de gelo na Antártica, divulgou a revista britânica Nature. Segundo os especialistas liderados pelo professor Duncan Wingham, da University College London, esses rios, com a extensão do Tâmisa (346 quilômetros), interligam uma rede de lagos subglaciais.
A descoberta descarta a teoria tradicional de que esses lagos de água doce teriam se formado sem contato com a atmosfera há milhões de anos. "Anteriormente, acreditava-se que a água se movia sob o gelo através de vazamentos muito lentos", afirmou Wingham, que também teve a colaboração das universidades de Bristol e Cambridge.
Baseada em dados obtidos pelos radares do satélite ERS-2 da Agência Espacial Européia (ESA), a pesquisa prova que os lagos subglaciais geram "fluxos que viajam distâncias muito longas", segundo Whingham. Até o momento, estes lagos eram considerados espécies de "cápsulas do tempo" que datam do período em que o continente antártico começou a congelar.
Os cientistas acreditam que os lagos podem conter espécies vivas únicas, cujo estudo poderia ajudar na pesquisa sobre a existência de vida em outros planetas. Há algum tempo, os cientistas pensavam que a Antártida era muito fria para que houvesse água em estado líquido sob o gelo. Essa idéia mudou nos anos 60, quando os satélites e aviões descobriram vários lagos sob profundas camadas congeladas.
Até o momento, os cientistas descobriram mais de 150 lagos subglaciais e suspeitam que possam existir milhares. A maior bolsa de água sob o gelo encontrada na Antártica é o Lago Vostok, que tem 250 quilômetros de comprimento, 40 quilômetros de largura, 400 metros de profundidade e volume suficiente para abastecer uma cidade como Londres durante 5 mil anos. A agência americana Nasa e a Academia das Ciências da Rússia planejam realizar perfurações para obter amostras de água do lago.
(ZH, 21/04/06)