Repovoamento do palmito juçara ganha a adesão de comunidades quilombolas em Eldorado (SP)
2006-04-24
No dia 31 de março, foi realizado na comunidade quilombola de Galvão,
localizada no município de Eldorado, no Vale do Ribeira, região sul de São
Paulo, o primeiro mutirão de repovoamento do palmiteiro juçara (espécie
Euterpe Edulis ). Foram semeados 500 quilos de sementes numa área de cerca
de 100 hectares. Esta atividade já vem sendo realizada há dois anos na
comunidade quilombola de Ivaporunduva, no mesmo Vale do Ribeira, e o
repovoamento em Galvão marca a ampliação do trabalho para mais 14 comunidades
da região.
As sementes utilizadas no mutirão foram colhidas em quintais agro-florestais na
comunidade quilombola de Sapatu, na mesma região. O palmiteiro juçara é uma
das espécies mais exploradas da Mata Atlântica e seu extrativismo
indiscriminado colocou a espécie em ameaça de extinção. Sua exploração
configurou-se numa das principais fontes de trabalho e renda nas comunidades
quilombolas do Vale do Ribeira, mas a diminuição drástica da população natural
do palmito e a proibição da extração predatória tornaram a atividade cada vez
mais impraticável pelos quilombolas, sendo o repovoamento uma das saídas para
um futuro plano de manejo sustentável. A produção de juçara só é permitida por
meio de planos de manejo sustentável, cujo primeiro passo é o repovoamento da
espécie.
O mutirão na comunidade de Galvão iniciou-se as sete horas da manhã, quando os
sacos contento as sementes de juçara foram colocados nos burros. Em seguida o
grupo, formado por 15 pessoas - principalmente jovens da comunidade -, iniciou
o percurso em em uma trilha íngrime e barrenta, no interior da mata. Após uma
hora e meia de caminhada, o grupo chegou ao local onde as sementes seriam
distribuídas em sacos menores para que todos os participantes entrassem mato a
dentro para espalhar as sementes.
O mutirão terminou com um jantar para toda a comunidade realizado no centro
comunitário. Outros mutirões estão programados para acontecer até meados de
maio, em um projeto financiado pelo PDA-Mata Atlântica, em parceria com o
Instituto de Terras do estado de São Paulo, Instituto Florestal e Fundação
Florestal, também do estado de São Paulo.
(Instituto Socioambiental,
20/04/06)