Pedras Brancas será local turístico
2006-04-24
Um pedaço da história da ditadura, expresso em recados e rabiscos nas paredes das celas do Presídio da Ilha, em Guaíba, passará por um processo de restauração. A Ilha das Pedras Brancas, um paraíso natural medindo 4 quilômetros quadrados, que abrigou um presídio e recebeu presos políticos, deixará de ser um local esquecido. "Vamos reativar o lugar", informou o coordenador da Associação dos Amigos do Meio Ambiente (AMA) de Guaíba, Jarbas Cruz.
A Ilha do Presídio, como ficou conhecida a Ilha das Pedras Brancas, está localizada no Guaíba, entre as cidades de Porto Alegre e de Guaíba. É composta de blocos arredondados de granito e terra.
O local já foi conhecido como Ilha da Pólvora, pois em 17 de julho de 1857 o Exército iniciou a construção da 4ª Casa de Pólvora de Porto Alegre, A obra foi concluída em 1860. Setenta anos mais tarde, em 1930, a ilha foi abandonada pelos militares e em 1956 passou a abrigar um presídio de segurança máxima. Em 1964, época do regime militar, o local passou a receber presos políticos que exigiam melhores condições de tratamento e de higiene no local.
Sob a jurisdição do Estado, há três anos era uma reivindicação da AMA a revitalização do local. "Guaíba queria a cedência para o uso cultural e ambiental da ilha, a fim de preservar o que ainda resta", adiantou Cruz. Com a promulgação do decreto que traz o termo de permissão de uso para a cidade, pelo período inicial de cinco anos, a AMA busca parceiros para levar adiante o projeto cultural da Ilha das Pedras Brancas. "É desolador ver como se encontra um local com tanta memória e natureza", disse Cruz, que aguarda a parceria de universidades (para o apoio científico) e da iniciativa privada (para aporte financeiro, via Lei de Incentivo à Cultura). Para Cruz, com essas parcerias, em 12 meses será possível concluir uma parte do restauro do local, que será transformado em um ponto de turismo e de preservação.
(CP, 22/04/06)