PROCURADORIA VAI INVESTIGAR PLANOS DE MANEJO FLORESTAL NO PARÁ
2001-09-28
Uma sofisticada exploração de madeira ilegal na terra dos índios Kayapó, no Pará foi flagrada durante vôo de reconhecimento do Greenpeace pela Floresta Amazônia. A operação foi documentada com fotografias e imagens de vídeo que incluem a localização geográfica da área explorada, através do uso de GPS (sistema de geoposicionamento por satélite). A retirada de madeira envolvia caminhões, tratores, carros e barcos. A organização sugere a participação de pesquisadores, ONGs e governo nas investigações. Fotos de satélite, mostram a existência de um grande pátio e estradas, indicando que pode haver na região uma extensa da operação ilegal. - Vamos articular uma investigação de campo nos 13 projetos de manejo de mogno em operação no Pará, garantiu a Dra. Ela Wiecko de Castilho, Coordenadora da 6a Câmara Questões Indígenas e Minorias da Procuradoria Geral da República. Em um esforço para impedir a destruição da floresta por madeireiras de mogno, o Governo Brasileiro decretou uma moratória para novos projetos de exploração da espécie em 1996, que ainda está em vigor. Atualmente, apenas 13 Planos de Manejo Florestal (PMF) estão autorizados a explorar mogno na Amazônia. Todos estão numa região do sul do Pará conhecida como Terra do Meio, ou em sua vizinhança. O Greenpeace suspeita que autorizações de transporte de mogno (ATPFs) de alguns desses projetos estão sendo usadas irregularmente para acobertar o corte ilegal de mogno em terras indígenas. A Terra do Meio é uma das maiores regiões relativamente intactas no leste da Amazônia e abriga espécies em extinção, como onças, jacarés-açu, macacos aranha, e tamanduás-bandeira. Ocupa uma área de 8,3 milhões de hectares (quase duas vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro) e fica entre os rios Xingu e Tapajós, no estado do Pará, na fronteira norte do cinturão do mogno - uma faixa de floresta ao sul da Amazônia degradada em anos de exploração predatória. Diversas terras indígenas ficam no entorno da Terra do Meio. A maior parte do mogno comercialmente viável que resta na Amazônia está concentrado ali e nas reservas indígenas que a cercam. O mogno está cada vez mais raro e a cotação do metro cúbico no mercado internacional supera US$ 1,6 mil. O alto valor faz do mogno a porta de entrada para a destruição da Amazônia. A falta de controle adequado estimula os madeireiros a invadir a floresta, abrindo estradas que acabam usadas por fazendeiros que queimam a mata para criar pastos de baixa qualidade. Nos últimos 30 anos, 15% de toda a cobertura florestal amazônica foi destruída e uma área equivalente já está seriamente comprometida. (Greenpeace)