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2006-04-20
O ano em que os Estados Unidos mais emitiram gases do efeito estufa (GEE) em toda sua história foi 2004, confirmando o seu status de maior poluidor do mundo. Dados recentes sobre a contribuição do país para o aquecimento global demonstram que as suas emissões de carbono aumentaram bastante, apesar das preocupações internacionais sobre as mudanças climáticas.

Os dados, lançados discretamente na segunda-feira (17/04) de páscoa, revelam que as emissões de GEE do ano de 2004 aumentaram 1.7% em relação ao ano anterior, equivalendo a 110 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Este é o maior aumento anual desde 2000 e significa que em 2004 (o ano mais recente no qual há dados disponíveis) os EUA liberaram um equivalente a cerca de 6.300 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera.

Cientistas Britânicos condenaram este aumento, alegando que este número demonstra como os EUA estão falhando ao liderar os esforços internacionais de reduzir as emissões de GEE, apesar de ser o maior poluidor. O vice presidente da Royal Society, Professor David Read, disse que para honrar os seus compromissos na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, os EUA e a Inglaterra precisam tomar atitudes urgentes para reduzir os níveis de GEE.

“Os dados publicados esta semana demonstram não somente que as emissões de GEE dos EUA não estão diminuindo, mas que, na realidade, estão aumentando anualmente,” disse o Prof. Read. “E mesmo que a Inglaterra pareça estar se saindo um pouco melhor, as suas emissões de dióxido de carbono têm aumentado ao longo dos últimos três anos,”disse ele.

“Em relação ao cumprimento dos seus compromissos assumidos com a assinatura da Convenção da ONU para estabilizar os níveis de GEE na atmosfera, nenhum dos dois países está demonstrando liderança, reduzindo as suas emissões aos níveis necessários”, disse o Professor Read. Cerca de um quarto das emissões mundiais de GEE provenientes de fontes antrópicas são liberadas pelos EUA. Dentro das regras da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, os Estados Unidos devem publicar a sua contribuição para as emissões de GEE, considerando fontes de poluição como automóveis e indústrias.

Os dados demonstram que no total, as emissões dos EUA aumentaram 15.8% desde 1990 até 2004, principalmente devido ao aumento no consumo de eletricidade gerada pela queima de combustíveis fósseis, um aumento na demanda de energia causada pelo crescimento da produção industrial e um aumento no consumo de petróleo. Somente a queima de combustíveis fóssil equivale a 94% das emissões de dióxido de carbono produzidas nos EUA em 2004.

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera está um terço a cima do nível pré-industrial, no início do século 18, e provavelmente mais alta do já esteve em um período de no mínimo 10 milhões de anos. Cientistas sugerem que se a comunidade internacional deseja estabilizar a concentração de dióxido de carbono em um nível duas vezes maior que o pré-industrial, países como os EUA e a Inglaterra precisam reduzir as suas emissões em cerca de 60% até a metade do século.

“Se as emissões continuarem a aumentar, podemos esperar ainda mais impactos ao redor do mundo”, disse o Professor Read. “O mundo em desenvolvimento encontrará dificuldades para se adaptar às mudanças climáticas e os países industrializados, os quais são os principais responsáveis pelo aumento dos níveis de GEE, deveriam perceber que eles também teriam que lutar para se adaptar a um mundo no qual, por exemplo, o nível do mar estivesse alguns metros mais alto,”disse ele.“A ciência justifica ações imediatas tanto para a adaptação às mudanças climáticas como para a redução das emissões de GEE”.
(Carbono Brasil, 19/04/06)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=12458&iTipo=5&idioma=1

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