Dez mil pessoas são evacuadas após dique se romper na Romênia
2006-04-19
Mais de dez mil pessoas da localidade de Bistret e de outros seis povoados banhados pelo Danúbio no sul da Romênia começaram terça-feira (18/04) a sair de suas casas para escapar da subida do nível do rio, cujas águas romperam outro dique de contenção na madrugada. Voluntários e equipes de emergência tentavam reforçar o dique com sacos de areia quando os sinos e as sirenes anunciaram as ordens de evacuação das autoridades às 6h (0h em Brasília). As autoridades começaram a evacuar as localidades, como medida preventiva, e se formaram longas filas de moradores que tentavam salvar seus bens e colocá-los em carros para a viagem.
As crianças e os idosos foram levados para escolas, hospitais, prefeituras e centros culturais habilitados para enfrentar a situação, em que as equipes de emergência preparam três refeições quentes ao dia para os desabrigados. Mais de dez mil militares, gendarmes, bombeiros e voluntários ainda tentam reforçar os diques de contenção no curso baixo do rio, que nas áreas onde o nível subiu mais parece um mar e chegou a mais de 10 quilômetros de largura em vários pontos.
Especialistas abriram cinco brechas controladas nos diques em diferentes trechos para fazer a água escoar para terrenos desabitados e tentar salvar as localidades situadas no curso inferior do Danúbio. Com estas medidas, os
especialistas querem provocar a saída controlada de dois bilhões de metros cúbicos de água e evitar a inundação catastrófica de várias cidades, como Galati, Braila, Tulcea, e da usina atômica de Cernavoda.
Nas últimas 24 horas, outras 3.500 pessoas foram evacuadas da localidade de Rast, também no sul, que foi totalmente inundada pelas águas e apenas a torre da igreja ficou visível. Alguns moradores optaram por permanecer na localidade, protegidos por tendas em lugares altos, à espera da redução do nível do rio, que por enquanto avança em direção ao Mar Negro.
O volume de água no Danúbio no ponto de entrada na Romênia diminuiu e esta manhã eram registrados 15.500 metros cúbicos por segundo, contra os 15.800 de dois dias atrás, mas ainda é o dobro da quantidade normal de água em abril e chega a níveis alcançados apenas em 1895. Segundo o Ministério de Administração e Interior, 60 localidades foram inundadas, com 600 casas afetadas, das quais 115 foram derrubadas pela pressão da água.
Mais de 40 mil terrenos agrícolas, centenas de quilômetros de estradas regionais e infra-estruturas econômicas, como o estaleiro Damen de Galati, foram danificados pelas inundações. O Governo decretou estado de alerta, o que permite ao Exército intervir para salvar a população, usar as reservas estatais de alimentos e combustíveis e evacuar à força as pessoas que se negarem a deixar suas casas.
Enquanto isso, na Sérvia e na Bulgária o nível do Danúbio diminuiu, e embora alguns povoados estejam inundados pela água e outros sofram cortes no fornecimento de energia elétrica, a situação não é tão dramática como na Romênia. O maior perigo de inundações na Sérvia persiste na província setentrional de Voivodina, onde a nova subida do rio Tisa - afluente do Danúbio - pode romper os diques de contenção em vários pontos, especialmente entre as localidades de Zabalj e Gardinovci, ao norte de Belgrado.
Curso abaixo, no trecho búlgaro, povoados inteiros continuam alagados, assim como bairros urbanos, polígonos industriais e plantações. Em diferentes localidades ribeirinhas não há fornecimento de energia e de água potável, enquanto em toda a região ainda está em vigor o estado de emergência declarado há uma semana. Unidades de proteção civil e do Exército vigiam dia e noite as instalações de desaguamento e os diques, que em muitos pontos cedem pela pressão de água, e estão sendo preparadas evacuações em massa caso seja necessário.
O ponto mais perigoso no território búlgaro é Tutrakan, onde faltam apenas 30 centímetros para que o rio transborde o dique protetor e inunde a cidade. Em Vidin, onde o nível do Danúbio chegou hoje a 9,71 metros, unidades do Exército, da defesa civil e centenas de voluntários reforçam os diques dia e noite e foi instalado nas proximidades um acampamento provisório que pode abrigar até quatro mil pessoas.
(EFE, 18/04/06)
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