(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-04-20
O Ministério Público Federal recusou-se a fazer acordo com o Shopping Santa Mônica e exigiu a imediata paralisação das obras do empreendimento localizado a sete quilômetros do centro de Florianópolis. O MPF alega que a construção está afetando áreas de preservação permanente (APP) no leito do Rio Sertão e no manguezal do Itacorubi. A resposta sobre o pedido de liminar pode sair esta tarde (20/4), depois que o juiz analisar o cronograma da obra.

A única possibilidade de fazer acordo com o Ministério Público Federal seria paralisar as obras do Shopping Santa Mônica até que fossem apresentados novos estudos ambientais, de vizinhança e sobre as alterações da malha viária na região do empreendimento. Como o empreendedor recusou-se a acatar o pedido, alegando que a paralisação afetaria a confiança dos lojistas no shopping, as partes saíram da audiência de conciliação desta quarta-feira (19/04) sem acordo, depois de quase quatro horas de discussão.

O principal ponto de discussão é a alteração da malha viária da região, que inclui uma rua passando sobre o manguezal do Itacorubi e a menos de 30 metros do Rio Sertão, em APP. Para a construção da via foram instalados, inclusive, três bate-estacas no leito do rio.

O dono do empreendimento, Paulo Cezar Maciel da Silva, compromete-se a cumprir todas as exigências do MPF e disse que o empreendimento não é responsável pelo projeto da via que invade a APP. “Estamos dispostos a realizar quaisquer medidas compensatórias que sejam necessárias. Não somos especialistas em trânsito, tínhamos que acreditar no IPUF [Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis]. Nunca pedimos redução de pista, ponte, nada, executamos o que nos foi imposto pela municipalidade”, justificou-se. Silva quis dar provas de sua boa-fé alegando que “em 1989, quando construímos a Santa Fé, tivemos Licença Ambiental Prévia (LAP), de Implantação (LAI) e de Operação (LAO) em um tempo que não se falava de licença ambiental em Florianópolis”.

O empreendimento Santa Fé, uma revendedora de veículos, funcionou durante 16 anos na área onde está sendo construído o shopping. Como o Shopping Santa Mônica ocupa a mesma área que o antigo estabelecimento, a Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente) entendeu que não era necessário o Estudo de Impacto Ambiental da obra. “É inaceitável dizer que um shopping imenso terá o mesmo impacto que a Santa Fé”, diz Analúcia Hartmann, procuradora do MPF responsável pelo caso.

O empreendedor está disposto a tudo para resolver a questão o mais rápido possível, menos parar as obras. O shopping já recebeu R$ 36 milhões de contratos de serviços, além de R$ 72 milhões dos lojistas. Os advogados do empreendimento elaboraram um estudo para a revitalização do Rio Sertão e pretendem até assumir o papel da Vigilância Sanitária: prometeram identificar todas as ligações clandestinas de esgotos que fluem para o rio e para o manguezal e entregar o relatório ao MPF.

A procuradora afirma que as medidas mitigatórias e as compensações ambientais são insuficientes. “Nesta cidade só tem compensação, mitigação nenhuma. Daqui a pouco não haverá mais área para compensação. Neste município infelizmente tudo é possível”, critica Hartmann. O MPF exige que sejam apresentadas alternativas para o sistema viário, além de afastar-se das margens do Rio Sertão.

O mérito da questão é se a via que pretendem construir sobre o mangue é de interesse público. Se for, a legislação permite alteração em APP. Mas não é o que afirma o MPF. “A via não é de interesse público porque só serve ao shopping”, diz Hartmann. No projeto do IPUF, o bairro Santa Mônica passaria a ter dois acessos, um deles ao lado do empreendimento.

“É um descalabro escandaloso o que a Fatma faz. Dão uma licença mentirosa dizendo que não vão mexer em APP, depois aprovam um projeto de uma rua sobre o mangue, como se as duas coisas não estivessem relacionadas”, acusa a procuradora.

Segundo um dos advogados do empreendedor, Túlio Cavalazzi Júnior, há um parecer do IPUF atestando que a pista é de interesse público. “Vamos apresentar em momento oportuno”, disse.

O MPF questiona todo o processo desde a concessão da licença ambiental e a aprovação das obras, que começaram em 2005. Analúcia Hartmann aponta falhas no EIA/RIMA e no Relatório de Impacto de Vizinhança. “O levantamento de fauna e flora foi feito na Estação Ecológica Carijós! [a 20 km do manguezal do Itacorubi] O biólogo responsável faz afirmações vagas, dizendo que provavelmente existe tal espécie”.

Os advogados do empreendimento afirmam que os impactos estão sendo superestimados. “Não estamos falando de uma indústria química, é um shopping center, os impactos não são tão grandes quanto a senhora [Hartmann] diz”, alega Cavalazzi.

Os advogados do empreendimento devem apresentar até ás 15h de hoje o cronograma das obras. Com base nele, o juiz substituto da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, Jurandi Borges Pinheiro, vai decidir se concede a liminar pedida pela MPF e embarga a obra. Em 10 dias, o IPUF deverá anexar ao processo – que tem 24 volumes em uma pilha de quase um metro de altura – um relatório detalhado dos estudos realizados pelo instituto sobre o sistema viário da região, com indicação de alternativas que não interfiram em APP.
Por Francis França

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -