Tucuruí será concluída em julho, 28 anos após iniciada
2006-04-20
Depois de 28 anos do início da construção da Usina de Tucuruí, no Pará, a obra
está perto de ser concluída. Anteontem (18/04), a Eletronorte completou a
montagem da última turbina, a 23ª. Com a colocação do rotor, derradeira peça
necessária para fazer a turbina funcionar, a previsão é de que entre em
funcionamento partir de julho, depois de um período de testes. "A conclusão
dessa etapa irá gerar novos 3.750 MW, suficientes para abastecer 11 milhões de
residências", afirma o presidente da Eletronorte, Carlos Nascimento.
A inauguração da última unidade geradora de energia elevará a potência
instalada da usina a 8.370 MW, perdendo apenas para Itaipu, que tem pouco de
mais de 12.000 MW. Do total de Tucuruí, o Ministério de Minas e Energia
autorizou o leilão de 4.150 MW. Toda a energia já foi vendida para 32 empresas,
entre distribuidoras e indústrias, os chamados clientes livres, como a
Companhia Vale do Rio Doce.
Tucuruí atende hoje principalmente os estados do Pará, Maranhão e Tocantins e
também abastece as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste na época de
estiagem nesses locais. Com a conclusão da nova etapa, a expectativa é que a
energia da usina chegue a 40 milhões de brasileiros.
Atualmente, 20 turbinas estão em funcionamento. A 21ª deveria estar funcionando
desde janeiro, mas teve problemas e está parada. A previsão é que comece a
funcionar no fim deste mês e a 22ª, em maio. A segunda etapa da obra, iniciada
em 1998 e responsável pela construção de 12 turbinas, custou US$ 1,7 bilhão
(cerca de R$ 3,6 bilhões).
Impacto ambiental mínimoA Eletronorte quer fazer de Tucuruí uma espécie de
case, um exemplo que credencia a empresa a participar da construção de novas
hidrelétricas com o mínimo impacto ambiental possível. Depois de investir mais
de R$ 200 milhões em programas ambientais e de desenvolvimento da região da
usina nos últimos 10 anos - e planejar o investimento de outros R$ 360 milhões
nos próximos 20 anos - os diretores da empresa afirmam que aprenderam com a
experiência de Tucuruí.
Segundo Nascimento, a Eletronorte pretende participar de todos os próximos
leilões de energia nova. "A situação hoje é diferente. Estamos capacitados,
por exemplo, a construir uma usina na região Sul", afirma. O interesse é maior
para projetos da Região Norte, como as usinas do Rio Madeira e Belo Monte.
Lucro, depois de dez anos
Embora não divulgue números, o diretor-financeiro da empresa, Astrogildo
Quental, confirma que, depois de 10 anos operando no vermelho, a Eletronorte
terá lucro no primeiro trimestre de 2006. Segundo ele, os resultados da empresa
estão melhores devido à entrada de receitas de leilões de energia para
fornecimento (em 2007, 2008 e 2009) e de leilões de curto prazo. "Além disso,
nossas dívidas estão atreladas à inflação medida pelo IGP-M e ao dólar. Fomos
beneficiados pela baixa da inflação e queda da moeda americana", explica.
A previsão é de que a receita da empresa cresça 10% em 2006 em relação ao ano
passado. O maior desafio da Eletronorte é associar as termelétricas Coaraci
Nunes (AP), Balbina (AM) e Samuel (RO) ao Sistema Integrado de Energia Elétrica,
o que diminuiria a produção nessas usinas e os custos. "No sistema isolado, os
custos de produção são muito maiores do que os preços de venda. A Eletronorte
irá virar o jogo quando interligar o sistema", diz o presidente da empresa,
Carlos Nascimento.
(GM, 20/04/06)