Comunidades tentam se mobilizar contra hidrelétrica
2006-04-20
Os moradores de Sonhem, povoado do município de Loreto (MA), e, provavelmente, moradores de toda beirada do Alto Parnaíba se perguntam e perguntam a alguém daqui e de acolá em que partes do Brasil ou em que documento atravessado sobre a estante de algum órgão estarão os motivos para a construção de barragens que inundarão vários hectares de terras produtivas, impedindo-os de plantar suas roças.
No plano decenal do setor elétrico, de 2006-2015, recém-divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estão previstas as construções de cinco barragens de médio porte no leito do rio Parnaíba, entre os anos de 2008 a 2012:
- Aproveitamento Ribeiro Gonçalves Baixo, cidade de Ribeiro Gonçalves (PI), cerca de 173MW de potência instalada;
- Aproveitamento Uruçuí, cidade de Uruçuí (PI), cerca de 164MW potência instalada; Aproveitamento Cachoeira, entre as cidades de Floriano e Guadalupe (PI), cerca de 95MW de potência instalada;
- Aproveitamento Estreito, entre as cidades de Amarante (MA) e Floriano (PI), cerca de 95MW de potência instalada; e o
- Aproveitamento Castelhano, povoado de Castelhano (PI), cerca de 95MW de potência instalada.
Os estudos de viabilidade destes aproveitamentos são de responsabilidade da CHESF, da Queiroz Galvão e da CNEC e devem ficar prontos em 2006. No documento disponível no sítio da EPE, os impactos sócio-ambientais são considerados pouco significativos, sendo o maior deles a mudança do ambiente fluvial numa grande extensão o que, seguramente, deve impactar a diversidade de peixes.
Impactos como se sucederão para os municípios de Ribeiro Gonçalves e Uruçuí, segundo a EPE, requerem “estratégias integradas e definidas regionalmente”. Os governos estadual e os municipais verão suas batatas assando para assegurar casa e estrada para toda a gente que será desalojada pelos aproveitamentos.
Em que direção irá a energia desses cinco aproveitamentos? Seria desejável que as comunidades isoladas da região do Alto Parnaíba se beneficiassem com a distribuição “equânime” desta energia, já que a recompensa dos royalties fica presa nos bolsos e nos cofres dos políticos e das prefeituras, mas ela tem endereço certo e este será a região sudeste, como a maior parte da energia produzida neste país.
(Rios Vivos, 19/04/06)