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emissões de co2
2006-04-18
Em um artigo publicado no domingo (16/04) no jornal americano The Washington Post, o ambientalista Patrick Moore, um dos fundadores do grupo Greenpeace, defende a energia nuclear e diz ser essa a única maneira de evitar uma "catastrófica mudança climática" decorrente das emissões de CO2. O artigo chega em meio ao impasse sobre o enriquecimento de urânio no Irã e os 20 anos de Chernobil, desastre que será lembrado no próximo dia 26.

Moore, que ajudou a fundar o Greenpeace nos anos 70 mas abandonou o grupo em 1986 por criticar os rumos do movimento, diz ter mudado a sua visão sobre a energia nuclear ao longo dos anos e sustenta que o resto do movimento ambiental também precisa renovar as suas posições. Para ele, a energia nuclear é a única fonte de larga escala que é eficiente financeiramente e que pode reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, ainda que mantendo a crescente demanda por energia.

Moore argumenta a favor da implantação de um agressivo programa de energias renováveis, aliadas à energia nuclear. Segundo ele, a energia atômica é o único substituto viável para as atuais instalações movidas à carvão já que métodos como a energia solar e eólica são muito imprevisíveis e intermitentes para suprir as atuais necessidades. O ambientalista não nega os riscos existentes na energia atômica, porém relata que os avanços tecnológicos das últimas décadas garantem uma nova segurança às usinas, impedindo a possibilidade de acidentes como os que ocorreram no passado. 36% das emissões de gás carbônico nos EUA, o que também representa 10% dos índices globais, são produzidas pelas mais de 600 usinas de carvão no país, revelou Moore.

Irã
O artigo surge poucos dias depois do anúncio do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de que o país estaria renovando os seus esforços no enriquecimento de urânio para a produção de energia. A declaração iraniana é considerada uma ameaça pelo governo americano e outros países ocidentais que suspeitam que o Irã esteja expandindo as suas instalações nucleares para a construção de armas atômicas.

Moore não desqualifica os perigos da tecnologia nuclear quando nas mãos erradas, porém reclama que "não podemos simplesmente banir toda tecnologia que for perigosa." Segundo o ambientalista, essa era a mentalidade da Guerra Fria, quando "tudo que era nuclear parecia escrever desastre para a humanidade e para o ambiente." "A única saída prática para a questão da proliferação de armas nucleares é priorizar o assunto nas discussões internacionais", defende Moore. Para ele, novas tecnologias como o sistema de reprocessamento de lixo nuclear, recentemente introduzido no Japão, devem dificultar o uso do urânio para a construção de armas atômicas por terroristas.

Chernobil A Ucrânia está se preparando para lembrar os 20 anos do pior acidente com energia atômica no mundo. Em 26 de abril de 1986, uma explosão no quarto reator da usina nuclear de Chernobil lançou 200 toneladas de partículas atômicas na atmosfera. O material teria uma radioatividade equivalente a 500 bombas de Hiroshima. Um estudo divulgado por cientistas britânicos na última terça-feira, 11 de abril, revelou que o número de mortes por câncer decorrente da radiação liberada em Chernobil poderia chegar a 60 mil. O estudo foi encomendado após a publicação de um relatório pela ONU, em novembro de 2005, que minimizava os efeitos do acidente.

Segundo o documento da ONU, apenas 56 pessoas haviam morrido por causa da radiação liberada, e o saldo final deveria chegar a 4 mil mortos pelo câncer. O relatório, com cifras bem menores que estimativas anteriores, foi duramente criticado por ambientalistas e organizações não-governamentais que diziam que a ONU havia subestimado a questão.
(Terra, 18/04/06)
http://www.grandefm.com.br/news/news.asp?NewsID=131792

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