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2006-04-18
Um estudo realizado na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, afirma que a habilidade das plantas para absorver dióxido de carbono é menor do os cientistas acreditavam. Os pesquisadores dizem que, até recentemente, os modelos computacionais ao redor do mundo confiavam nas plantas para absorver uma grande quantidade do dióxido de carbono extra, produzido pela queima generalizada de combustíveis fósseis; mas agora as evidências laboratoriais os têm feito repensarem esta dependência sobre as plantas.

De acordo com a pesquisa, as plantas estudadas somente absorveram quantidades significativas de CO2 quando receberam doses artificiais de nitrogênio, um nutriente que as ajuda a crescer. O ponto chave é que essa descoberta levanta a possibilidade de um aquecimento global acelerado, acredita Peter B. Reich, o principal pesquisador do estudo e professor do Departamento de Recursos Florestais da Universidade de Minnesota. “Isto é muito importante”, disse Inez Y. Fubg, co-diretora do Instituto de Meio Ambiente da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Contávamos com as plantas para absorver o carbono dos combustíveis fósseis... mas estes resultados demonstram que estávamos sendo otimistas demais”.

O estudo é o primeiro panorama a longo prazo em um ambiente realista, um ecossistema ao ar livre, de como o nitrogênio presente no solo afeta a absorção de CO2 pelas plantas. A maioria dos solos mundiais possui pequena quantidade de nitrogênio, e segundo Reich, seria impraticável adicionar a quantidade extra suficiente de nutrientes para trazer algum resultado no nível de CO2.

Os pesquisadores realizaram este estudo projetando tendências para 296 amostras de campo. Cada uma foi submetida a uma condição diferente: algumas receberam solo com nitrogênio adicionado; outras receberam mais dióxido de carbono atmosférico, e outras receberam quantidades adicionais dos dois. O resto recebeu um nível padrão de nitrogênio e dióxido de carbono.

Os estudiosos mediram a quantidade de plantas produzidas em cada amostra. Após quatro a seis anos, as amostras que receberam mais nitrogênio absorveram pelo menos três vezes mais carbono sob condições de alta concentração de dióxido de carbono do que as amostras que não receberam nitrogênio extra. “Esta é a principal razão para começarmos a reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, disse J. Drake Hamilton, diretor de ciências políticas do Minnesotans for an Energy-Efficient Economy. “Não podemos esperar por um milagre”.

Controvérsia - O consultor ambiental brasileiro Carlos Aranha discorda das conclusões dos cientistas americanos. “Os seres humanos habitam o planeta Terra há muito menos tempo que as plantas e ainda não entenderam o verdadeiro potencial da fotossíntese no balanceamento climático”, alerta. Aranha explica que “as espécies vegetais, nativas da Mata Atlântica, por exemplo, possuem um ciclo de absorção de CO2 imenso, por diversas razões, algumas óbvias outras que necessitam de um pouco mais de atenção para serem percebidas”.

Para o consultor, afirmações como a de que as florestas emitem muito metano e com isso contribuem para o efeito estufa; de que as madeireiras não destroem a natureza ou ainda de que única maneira de diminuir o efeito estufa é a injeção dos gases em poços de petróleo desativados, são completamente descabidas. Ele sugere que os cientistas deixem um pouco os laboratórios e comecem a plantar algumas espécies nativas de Mata Atlântica, para que possam realmente medir, na realidade, o verdadeiro potencial de balanceamento climático dos nossos preciosos vegetais.
(Carbono Brasil, 17/04/06)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=12395&iTipo=5&idioma=1

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