Inpe amplia monitoramento das águas do Paraíba do Sul
2006-04-19
A unidade da Femsa Cerveja Brasil, produtora da marca Kaiser, sediada em
Jacareí, no Vale do Paraíba, inaugurou ontem (18/04) a terceira estação da Rede
Piloto de Plataformas Hidrológicas de Coleta de Dados da Bacia do Rio Paraíba
do Sul. O programa, que é coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), possibilitará a fábrica acompanhar a qualidade da água que é
utilizada em parte de seu processo industrial e depois devolvida ao seu curso
natural.
O programa conta também com a participação das empresas Maxion, em Cruzeiro, e
da Basf, em Guaratinguetá. A Petrobras, de São José dos Campos, também receberá
sua estação de medição ambiental nas próximas semanas. As informações
ambientais são captadas por Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) enviadas por
satélite aos centros de recepção do Inpe, onde são processadas e reenviadas às
empresas associadas para identificação de possíveis oscilações nos índices de
impureza do rio.
Nesta nova estação, que contém uma plataforma, uma sonda submersa e o
equipamento de emissão de sinais destinados ao satélite, a Kaiser gastou R$ 20
mil na construção de um píer metálico e na base que abriga a aparelhagem. O
Inpe investiu nesta estação US$ 25 mil. A rede contará com outros 4 pontos de
monitoramento e cobrirá todo Vale do Paraíba paulista.
Apesar de ter seu próprio sistema de monitoramento, o gerente de meio ambiente,
qualidade e segurança da Kaiser, João Rodrigues, garante que os ganhos desta
parceria são imensos. Eles vão desde uma maior economia no tratamento dos
efluentes até a otimização dos equipamentos empregados. Essa nova ferramenta
é um balizador para, inclusive, suspender a produção caso haja algum problema
mais sério nas águas do rio. "Poder acompanhar a qualidade da água é
fundamental para nosso processo industrial", comentou.
Segundo a coordenadora do programa de Monitoramento Ambiental do Eixo-Rio São
Paulo (MARSP), do Inpe, Maria Paulete Jorge, que agrega a rede de dados
hidrológicos do Paraíba do Sul, essa região é muito impactada em seu meio
ambiente. Por isso, em sua opinião, existe a necessidade de se unir entidades
de pesquisa, o setor produtivo e o governo em ações conjuntas e coordenadas
para minimizar os efeitos e as causas da poluição local.
A cientista pretende realizar em junho deste ano um workshop com a finalidade
de divulgar as ações de preservação ambiental e de contenção das emissões
poluentes dentro do eixo Rio-São Paulo, principalmente as desenvolvidas pelo
setor industrial. "É importante discutirmos e mostrarmos o que está sendo feito
na região em termos ambientais", afirmou Paulete Jorge.
O projeto do Inpe é inédito no Brasil e a Kaiser foi escolhida para integrar a
rede pelos excelentes resultados obtidos no manejo dos recursos naturais,
tanto que a água devolvida ao Paraíba do Sul chega a ser mais limpa que a
encontrada em seu leito. A Cetesb e o Comitê de Bacias Hidrográficas também
participam do programa.
(GM, 19/04/06)