EUA posicionarão satélite sobre a Amazônia brasileira
2006-04-18
Meteorologistas sul-americanos estão recebendo uma ajuda do espaço: um satélite meteorológico dos Estados Unidos, por muito tempo usado para rastrear furacões e outros fenômenos climáticos, será deslocado para o continente. Em outubro, a Administração Nacional de Atmosfera e Oceano (NOAA) dos Estados Unidos planeja reposicionar um velho mas confiável satélite de 9 anos de idade para sobre a Amazônia brasileira, para fornecer cobertura integral para os meteorologistas que atualmente enfrentam longos períodos sem imagens regulares, durante a temporada americana de furacões.
O satélite é parte da série de satélites Geostationary Operational Environmental Satellite (GOES), que forneceu aos americanos imagens do Furacão Katrina, do El-Niño e outros fenômenos meteorológicos.
Este e outro satélite, reposicionado em 2003 para obter uma visão melhor do Japão, são contribuições da NOAA para melhorar o Sistema de Observação Global Terrestre (GEOSS), uma aliança entre mais de 60 países trabalhando para unificar a observação da Terra até 2015, e melhorar as políticas ambientais ao redor do planeta.
"Nós esperamos que isso sirva de exemplo para que a América do Sul e outros compartilhem suas observações para tornar nosso trabalho de previsão global um pouco melhor", disse Gregory Withee, administrador assistente dos Satélites e Serviços de Informações da NOAA. "Estamos todos juntos nessa, porque o clima é global".
Os satélites - o primeiro GOES foi lançado em 1970 - enviam imagens visuais e infravermelhas, e são utilizados para monitorar tempestades, detectar as temperaturas das superfícies marítimas e incêndios florestais. Eles também podem medir a temperatura de nuvens, mostrar a distribuição do ozônio e rastrear condições que podem produzir o congelamento de aeronaves.
A América do Sul vem recebendo imagens de satélites da série GOES por décadas, mas estes se concentraram primeiramente nos Estados Unidos e seus arredores imediatos. Assim, sempre que uma tempestade estourava no Hemisfério Norte, o satélite que usualmente envia imagens para a América do Sul se concentrava no problema ao norte.
Mas não faltam desastres naturais na América Latina. Inundações e desabamentos de terra na Venezuela, Guiana e Colômbia em fevereiro de 2005 mataram cem pessoas e deixaram dezenas de milhares desabrigados. Em março de 2004, o que alguns meteorologistas consideraram o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul atingiu Santa Catarina, no Brasil.
O satélite reposicionado poderá ajudar a fornecer mais avisos de tempestades. Mas é uma solução temporária. Alguns satélites similares já quebraram inesperadamente depois de dois anos de seu lançamento, e muitos foram aposentados depois de dez anos. Apesar de o satélite direcionado para a América do Sul ainda funcionar perfeitamente e ter mais 11 anos de combustível, ele foi lançado em 1997 e seu "prazo de validade" é imprevisível. Além do mais, ele ainda pertence aos Estados Unidos.
(O Estado de S. Paulo, 17/04/06)
Programa da UNB estimula o reúso da água
Saúde, higiene e alimentação podem ser sinônimos de um importante recurso
natural: a água. Presente no dia-a-dia da população, ela é foco de preocupação
não só para os cidadãos, mas também para especialistas em saúde pública e meio
ambiente. Para o Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos
Hídricos (PTARH) do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade de Brasília (UnB), a água é objeto de estudo desde 1996. Apesar
de a principal preocupação da sociedade ser a possível escassez desse recurso
natural no futuro, a questão que guia os trabalhos do grupo é a qualidade da
água que a população consumirá em alguns anos: "A água não vai acabar, mas
precisaremos gastar cada vez mais recursos para ter uma água de boa qualidade",
explica o professor Sérgio Koide, PhD pela Universidade de Londres.
O emprego do reúso da água no Distrito Federal, desde 1998, vem sendo estudado
por um dos pesquisadores que faz parte do corpo docente permanente do
PTARH-UnB, o professor Marco Antônio Almeida de Souza, PhD pela Universidade
de Birmingham. O projeto, que faz parte da linha de pesquisa de saneamento
ambiental, analisa a reutilização dos recursos hídricos e tem como objetivo
principal promover um desenvolvimento sustentável: "O reúso da água tem um
impacto ambiental positivo elevado ao cubo: primeiro porque, ao reciclar,
deixamos de captar água dos mananciais, depois porque deixamos de gastar
energia em seu transporte até as cidades e, por último, deixamos de devolver a
água com resíduos para a natureza", comenta o coordenador das pesquisas.
PEIXES - Uma das possibilidades estudadas para esse tipo de reciclagem é a
reutilização da água de esgotos tratados no desenvolvimento da piscicultura. A
pesquisa foi desenvolvida na estação de tratamento de esgoto de Samambaia em
convênio com a Caesb e, nesse caso, aproveitou a água já tratada para a
criação de peixes próprios para o consumo. Os animais não foram utilizados
como agentes despoluidores, mas como fonte de proteína para o consumo humano,
tendo a pesquisa, assim, um duplo objetivo.
PRÉDIOS - Além disso, o Grupo pesquisa uma forma de economizar em 60% a
utilização dos recursos hídricos urbanos: a água usada para lavagem predial,
nas pias, lavatórios, chuveiros, banheiras e máquinas de lavar é reciclada e
retorna para o uso em sanitários do mesmo edifício. A pesquisa foi realizada
em um prédio de uma super quadra do Sudoeste, e, devido a sua grande
viabilidade financeira e à economia financeira e ambiental que representa,
agora deve ser comercializada por uma construtora local.
JARDINS - Outra forma de reaproveitar os recursos hídricos começou a ser
estudada em 2003 em área próxima à Estação Experimental de Biologia da UnB.
Trata-se do emprego da água tratada dos esgotos domésticos para a manutenção
de paisagens e jardins ornamentais.
LAVA-JATOS - O Grupo também pretende estudar formas de reciclagem da água nos
lava-jatos. A pesquisa foi encomendada por um grande posto do Distrito Federal
e vai propor que os recursos hídricos dos sistemas de lavagem de veículos
sejam reutilizados, após tratamento, para os mesmos fins, diminuindo, assim,
não só os custos financeiros, como, também, ambientais.
Além do reúso, todo o ciclo da água é de interesse do Grupo de Recursos
Hídricos da UnB. Há pesquisas que vão desde a drenagem pluvial até a
desinfecção do Lago Paranoá. Os projetos contam com parcerias importantes como
o Fundo Nacional de Saúde (FNS), a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
e a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia
(Finep). As pesquisas citadas foram divulgadas em junho de 2003, mas continuam
objeto de estudos do PTARH.
(Assessoria de comunicação da UNB, 14/04/06)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1539&Itemid=2